Vida II
Depois do anúncio do PR que fixou a data do referendo do aborto para o dia 11 de Fevereiro do próximo ano chegou a vez dos partidos políticos falarem da sua justiça. Do partido do governo e de tudo que se situa à esquerda já se sabia da sua posição, estão a favor do Sim. O PP pela sua ideologia é a favor do Não. Hoje veio Marques Mendes, o líder do PSD, defender também a votação pelo Não, mas vai promover um debate interno. Naturalmente haverá em todos os partidos votações contrárias à vontade da liderança, trata-se de um referendo sobre uma questão cívica e não política.
Os do Sim podem desde já estar descansados, vão ganhar. Ao contrário do primeiro referendo, agora os ventos estão mais a favor da despenalização, a começar pelo próprio PM. Penso que na altura do primeiro sufrágio o PM de então, António Guterres, votou pelo Não, mas não tenho a certeza. A única esperança por parte do Não reside na fraca aderência do eleitorado. O PM já fez saber que só alterará a lei se o referendo for vinculativo, ou seja, se mais do que a metade dos eleitores se dirigir às urnas, e claro, se o Sim ganhar.
Temos (os defensores do Não, eu inclusive) o desleixo português ao nosso favor! Falo da pouca vontade das entidades em manter as listas eleitorais em dia. Há muita gente que já mudou de residência sem o ter indicado às juntas de freguesia, já muita gente faleceu sem o seu desaparecimento ter sido comunicado às respectivas autoridades. Já oiço as vozes do Sim a protestar sobre essa questão se a aderência for inferior à 50%. Por outro lado, o dia 11 de Fevereiro se situa a uma semana do fim-de-semana do carnaval, pode haver muita gente que não vá nessa brincadeira. Claro, também pode fazer-se muito frio, pode chover torrencialmente, quem sabe....