segunda-feira, 27 de junho de 2005

Curvas

Cheguei agora do Algarve, um pouco tonto ainda, já digo porquê. Saí de Beja ontem de manhã, com o carro cheio da tralha da minha filha mais a mãe dela, nas calmas até Quarteira. A casa onde elas ficam esteve vazia durante meses, e os últimos ocupantes foram pessoas nos seus 18 – 20 anos. Imagina-se como a casa estava. Era pó e baratas por todo o lado. Foi uma limpeza geral neste dia todo. Hoje queriam que eu fosse a praia. Fui, mas contra vontade, já que não gosto muito de praia. Fiquei 3 horas sentado, vestido por baixo dum toldo. Diga se de passagem, que custa 100 € o aluguer deste toldo por 15 dias, o que é um abuso, mas os nadadores-salvadores têm de ser pagos de algum lado. Depois do almoço, fui me embora para fazer aquilo que mais gosto, conduzir. Fui pela N2 entre Faro e Castro Verde. Entre São Braz de Alportel e Almodôvar é património nacional. É a tal estrada supostamente construída por um inglês, que por cada curva por construir, só respondia com “yes”, já que não falava português, e assim se fez mais um S, mais uma curva. 365 no total, dizem. Há ca. de 20 anos quando eu namorava uma rapariga de Almodôvar, tentei conta-los. Só que havia curvas seguidas no mesmo sentido e não sabia se contava por uma ou duas. No primeiro caso saíu menos e no segundo saíu mais de 365. Por isso, não sei. Mas dá para ficar tonto. A meio do caminho existe um miradouro que eu considero o sítio mais belo do Algarve. Acho que dá pelo nome de Miradouro da Serra do Caldeirão, vê-se quase 360 graus em volta perturbado apenas por uma torre salvo erro de telecomunicações, que não faz aí nada, em minha opinião. E claro, dum lugar fantástico destes tinha de mandar uma mensagem a minha Fada Morgana....

sexta-feira, 24 de junho de 2005

Colete

Não me apetece muito de escrever, mas há um assunto que tenho de comentar. O colete reflector obrigatório. Já fui comprar duas coisas destas há tempos e ando com eles nos carros. Há dois dias fui confrontado com a notícia, que o mesmo tem de viajar connosco dentro da viatura. Ok, vai para o porta-luvas. Razão: cada vez que o automóvel se avaria, o dito tem de estar à mão para se vestir antes de sair do carro. Alto aí, isto dá multa ao abrir a porta, a por um pé fora ou a sair completamente do carro sem o colete? E se for um condutor muito obeso? Não o vejo vestir o colete dentro do carro. E os outros eventuais ocupantes? Têm de permanecer dentro do veículo a 40 graus à sombra? É uma multa para cada um ou dá desconto por serem muitos. Imaginem um autocarro! E mais. É obrigatório vestir um colete em cargas e descargas. Ou seja, para quem vai ao Modelo ou Lidl etc. tem de andar com isto. Vai ser lindo de se ver. Mas, mas, eu tenho uma sugestão. Que tal sacos de compras reflectoras, tipo pirilampos á noite. É giro!
Por falar em giro. No outro dia vi a minha adorada, ou melhor a minha "Fada Morgana" como a minha irmã a designa, porque ela só me aparece ao longe para logo desaparecer ao me aproximar. Mas neste dia ela estava a dois metros de mim. Quase me ia dar uma coisa, fiquei paralizado. Mas parece que não me viu, ela estava com a mãe dela, e se calhar foi melhor assim, porque podia ter sido complicado. Mas ela estava e é gira. Caramba! Fiquei aí parado uns minutos a sonhar, tipo estátua. Para mim, ela é a oitava maravilha do mundo, sem exagero.

domingo, 19 de junho de 2005

Cuba

Ontem demos um concerto em Cuba, na Biblioteca Municipal. É um espaço muito agradável mas tínhamos pouco público. Talvez fosse por falta de divulgação adequada, mas os que assistiram, gostaram. Eu estava com a cabeça noutro sítio, claro. Até me enganei por três vezes, coisa que nunca me tinha acontecido. Pois ontem ela passou por minha casa, justamente quando eu saí. Tinha acabado de dar aulas de alemão às minhas “alunas” e ia buscar á sala dos ensaios do coro as garrafas de água para o concerto. Ela vinha com um amigo que toca num grupo com ela. Ficaram parados no cruzamento por baixo da minha casa a conversar. Para seguir o meu caminho tive de me pôr ao lado dela e eu disse, olá ......Estupidamente toquei na buzina, é que o (raio do) volante do carro tem a buzina num sítio algo invulgar, que já me fez uma partida dessas várias vezes. Não sei se foi por isso, ou por eu ter interrompido a conversa entre eles, ela respondeu-me olá, boa tarde, quase sem olhar para mim e muito frio. Bem, claro, para mim este dia já era. Escusado de dizer, que não preguei olho na ultima noite. No restaurante onde fomos depois do concerto, mandei-lhe uma mensagem a explicar umas coisas, mas claro, por SMS não dá para grandes explicações, e ela, claro, não me respondeu, como não respondeu a todas as outras mensagens que eu já lhe tinha mandado. Isto é apenas mais um tiro de canhão no muro da minha autoestima, mais um tijolo para o da depressão. Talvez este mundo do machismo e da: a forte personalidade manda, não é para mim, mas se eu estivesse com ela, naturalmente eu não seria tão trombudo, tão chorão. Estava bem com o mundo, bem na vida e sempre bem disposto, como eu estava, por uns minutos, na Bejanoivos quando ela estava por perto. Na sexta-feira passada tentei encontrar-me com ela, já que ela por vezes dá aulas perto da minha casa. Só que ela entrou mais tarde do que eu pensei e saio mais cedo. Que frustração! Há um cantor austríaco (cá estou eu com os cantores) de nome Wolfgang Ambros, que no início dos anos 80 tinha uma canção com o refrão assim: A autoconfiança vem, como o nome indica, da própria pessoa; uma pessoa vive 100 anos feliz e satisfeito, uma outra morre aos 20 porque nada avança. Pois neste momento sinto me como o de 20, mas estou a começar a aprender alegrar-me com pequenas coisas como ouvir a minha Rádio preferida, o Rádio Clube Português no 106.40, ou a dar aulas em alemão e agora também em inglês, já que a professora delas faltou os últimos 2 meses sem substituição, e no próximo ano faltava-lhes esta matéria. Ou ainda tocar órgão, que comecei a aprender este ano, já que gosto muito de música. E claro, nunca perdendo a esperança de a ver.....

segunda-feira, 13 de junho de 2005

A minha filha participou há pouco na assim chamada “Profissão de Fé”, não sei explicar bem o que é, fui lá também a igreja da Sé, já que sou patrinho de uma sobrinha minha. Foi bonito de se ver, curiosamente eram só raparigas, crianças aprenderem a ser cristãos. Eu então, afasto-me cada vez mais deste caminho. Depois desta missa fomos todos ao McDonalds ao convite da madrinha da minha filha, que veio de propósito de Lisboa e ainda por cima no dia de aniversário do pai dela. De volta a casa, cruzei-me com a “tal” pessoa. Isso normalmente faz me sentir muito bem, mas desta vez tive a forte sensação que ela não deve ter gostado de me ver ao lado da minha mulher. Ela deve ter pensado assim: Olha-me este, diz que gosta de mim e está com a outra. Se houvesse um buraco aí, tinha me metido. O que ela talvez não saiba, eu preferia de estar mil vezes ao lado dela do que ao lado da mulher. Ou então ela nem sequer quer saber de mim para nada e isto tudo não passa de imaginação minha, já que eu não sei o que se passa na bonita cabeça dela. Só que sinto que estou a cair novamente numa depressão, e pelas mesmas razões. Com uma agravante, tenho de fingir que está tudo bem, para bem da minha filha. As segundas depressões costumam ter um final trágico, desta vez nem o livro “Conversas com Deus” me acuda, espero que Deus me dê forças que isto não aconteça.......

domingo, 12 de junho de 2005

Calado

Como sabem, todos os dias aparecem pessoas que não aproveitaram de terem ficado calados. Hoje foi João Cravinho. Falou sobre a mais que justificada resposta de Bagão Félix sobre a tal previsão do défice de 6.83%. Acho engraçado que a maior crítica que João Cravinho fez foi sobre o facto de Bagão Félix ter se pronunciado. Ou seja, um dos maiores visados do “deslizamento” do défice nem sequer tem direito de resposta, nem sequer se pode pronunciar. Mas foi precisamente João Cravinho que no governo de Guterres ajudou a agravar o défice. Daí a minha opinião de que ele não aproveitou uma belíssima oportunidade de ter ficado calado.
Fiquei chocado mas não surpreendido quando ouvi a notícia que ca. de 500 jovens assaltaram a praia de Carcavelos. Estava-se mesmo a ver. É um problema que não é de agora, mas sim vem de antes. É a criação de “guetos” nas cidades que geram violência, são os filmes de desenhos animados violentos que as crianças desde pequeno vêm, é o mundo de glamour que a publicidade nos quer vender do qual os mais pobres também querem fazer parte, a falta de policiamento eficaz e outras razões.
Hoje fiz no maior calor uma caminhada de ca. de 10 km na “minha aldeia” Corte Gafo de Baixo. Arranquei como sempre com a minha cadelinha “Nani”, mas ela não aguentou. Tive de voltar com ela e deixá-la na aldeia. Já tinha feito caminhadas com este calor no ano passado, mas este ano, com a falta de chuva, parece que o ar é mais seco e assim custa mais. É o Alentejo profundo, como o saudoso Cavaco Silva uma vez disse.

sexta-feira, 10 de junho de 2005

Especimen

Peço a atenção de todos! Existe uma nova espécie cá na terra! É inofensivo, é certo, mas incomoda os outros. Não é dos fumadores que estou a falar, esta é uma espécie em vias de extinção, porque morrem mais cedo. É uma subespécie do ser humano, chamado “Especimen Ar-Condicionado”. Confusos? Eu passo a explicar. Esta gente desloca-se de automóvel muito devagar, de vidros fechados, de rosto calmo e descontraído, desfrutando desta maravilhosa invenção do século passado chamado ar-condicionado. Os que seguem esta gente, também de automóvel, mas de vidros abertos, de rosto vermelho e chateado, estão quase a explodir de irritação e de suor. Chateados também porque não atingiram este estatuto social de poder adquirir uma lata de quatro rodas com esta benefício. Por favor, não os ultrapassem depressa demais, pois eles podem assustar-se e acordar.
Há pouco ouvi na TV que afinal ainda existem os “mais iguais”. Naquela cavalgada justiceira que o PM anda a fazer, reduzir para um terço o vencimento ou a reforma dos políticos com estes duplos rendimentos. Então o PR não é político? Também ganha dos dois lados. Ele deve ser mais igual! Não sei onde ele exerceu 36 anos de advocacia. Talvez na porta ao lado do seu gabinete de presidente de câmara de Lisboa na altura. Dá que pensar.

quinta-feira, 9 de junho de 2005

Comentários

Disseram-me em tempos que eu podia ser muito bem um comentador de actualidades, gosto bastante de acompanhar a vida política e social de Portugal. Naturalmente tenho alguma dificuldade em me exprimir na língua portuguesa, além disso os últimos meses da minha vida não têm sido um mar de rosas.
No dia 17 de Junho é inaugurado o Teatro Municipal Pax Julia. Espero que com um complexo cultural desta dimensão a mentalidade cultural dos Bejenses se modifique. Pena é, no anúncio deste invento no jornal DA alguns espectáculos não sejam bem visíveis. O meu coro e o Coro do Carmo eram para ter participado com uma cantata na inauguração, mas por motivos vários, tal não é possível.
Acho estranho ou talvez não, a chuva de críticas ao Ministro de Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, acerca das posições dele sobre a constituição europeia, tanto á esquerda como á direita, porque eu acho que se devia de aproveitar a enorme experiência dele nos contextos internacionais.
Mas nem tudo é mau. Nos últimos 8 jogos envolvendo equipas portuguesas de futebol, tudo vitórias. Na minha vida profissional não me falta trabalho, falta me é vontade de trabalhar e motivação, pelas razões já ditas.....

terça-feira, 7 de junho de 2005

Bejalternativa

Já tenho novamente vontade e forças para escrever no Blog sobre outras coisas. Porque ontem ela passou por mim, por breves momentos senti a proximidade da pessoa que me enche o coração, alimentando-me por uns dias. Se ela sentisse o mesmo, seria o paraíso em terra.
Ouvi muitas críticas sobre a Bejalternativa deste ano. Acho que, tirando o barulho que incomoda os vizinhos, são injustificados. A maneira que cada um quer passar a vida nesta terra é um assunto só dele, o recinto parecia ter uma certa intimidade ou cumplicidade, também só entrava quem quisesse. O preço de 3 Euros talvez fosse exagerado, ainda por cima paguei 9, para mim e a minha filha mais uma amiga dela, e deve ser para recuperar o prejuízo das outras edições da Bejalternativa. É que ocupar com uma feira o Parque de Exposições custa dinheiro, muito dinheiro, e como entidade semi-pública, eles querem é fazer lucro. Para acontecimentos mais pequenos como a Bejalternativa é demais.
Ontem disseram-me que a piscina municipal não vai abrir na data prevista, 14 de Junho, porque o enchimento de água até lá não vai ser concluído. Depois irei lá quase diariamente para tentar abater os quilos acumulados no Inverno.

segunda-feira, 6 de junho de 2005

Ambiente

Ontem foi dia mundial do ambiente. Foi falado e comentado de sobra nos jornais e na TV, mas não é deste ambiente que estou a falar. Também ontem foi o nosso encontro de coros na Pousada. Nós actuamos primeiro e correu muito bem com a assistência, que apareceu em número considerável, a aplaudir entusiasticamente. Na actuação do coro de Santiago tive de sair e sentar me num destes grandes cadeirões que a Pousada tem. Não consegui deixar de pensar na “tal” pessoa que actuou connosco pela ultima vez há um ano justamente neste sítio, não me senti nada bem. Mas para não estragar o ambiente de festa e confraternização pus o meu sorriso artificial e no jantar a seguir no “Pé de Gesso” também. Vou ter de aprender ser actor. Não sei se consigo. SINTO MUITO A TUA FALTA................

domingo, 5 de junho de 2005

Filha

Ver uma criança chorar, não é bom. E se esta criança for a própria filha, ainda pior. Se a razão deste choro for eu próprio, não há mesmo pior. Ela sabe que eu queria deixar a casa e me divorciar da mãe dela, e este facto dava cabo dela. Por isso, concordei em fazer (mais uma) tentativa de reconciliação. Só que, nestas coisas há sempre alguém que perde – eu. Neste caso para bem da minha filha, vou tentar fingir. Ainda por cima a minha mulher pensa que já está. Os ingleses têm uma boa expressão para isto: She thinks, she´s got it made. Porque o meu coração está noutro sítio. Há mais de um ano. Só que a mulher de quem eu gosto não diz nada. Não se manifesta de modo algum. Mando lhe mensagens e outras coisas, e ela nem sequer me as responde. Mais, até me evita. Não sei se ela gosta de mim ou não, não sei nada. Os meus amigos há muito que me dizem para eu me esquecer dela. Mas é tão complicado, porque penso que ela é a mulher da minha vida. Por muitas razões, que eu um dia gostava de lhe contar! Mas não a vejo em lado nenhum e também não tenho coragem de lhe telefonar, por receio de uma rejeição. Cruzo me de vez em quanto de carro com ela, mas nem aí ela olha para mim. Costumo dizer, quando a vejo, já seria milionário se eu pudesse vender a adrenalina. Gosto mesmo muito dela, claro que aqui não posso dizer quem é, mas se ela ler estas linhas, sabe que é sobre ela. O nome dela tem a ver com um dos verbos que acabei de escrever, haha. Havia uma cantora inglesa ou irlandesa dos anos setenta, Penny McLean, que cantava uma canção em alemão assim:
Zwischen zwei Gefühlen,
schwank ich hin und her,
denn ich liebe ihn
obwohl ich dir gehör.
Traduzido: Estou entre dois sentimentos, amo a ele mas pertenço a ti.
Mas no meu caso, o amor perde, se eu ao menos pudesse falar com ela........

quinta-feira, 2 de junho de 2005

45

Ontem fiz anos. Já conto 45 primaveras. Devia ter sido um dia de festa e alegria, mas não foi. A minha (ainda) cara metade tratou de estragar-me este dia. Claro que a culpa também foi minha, eu quero é ver me livre dela, mas neste dia especial para mim chamou me nomes que até eu desconhecia. Mas é apenas revelador da classe social e das origens dela. Não sei porquê é que estas coisas não podiam acabar a bem, conversando como gente civilizada, mas parece que não é possível. Quem vai mais sofrer com isto tudo é a minha filha. Claro que não vou sair da vida dela, mas com uma mãe desequilibrada não sei como vai ser. Não conto com ajuda nenhuma, não tenho cá ninguém, os amigos que tenho pouco podem fazer e têm os seus próprios problemas, não sei o que vou fazer. Se tudo correr mal por cá só me resta ir me embora para onde vim, para Alemanha.