domingo, 5 de junho de 2005

Filha

Ver uma criança chorar, não é bom. E se esta criança for a própria filha, ainda pior. Se a razão deste choro for eu próprio, não há mesmo pior. Ela sabe que eu queria deixar a casa e me divorciar da mãe dela, e este facto dava cabo dela. Por isso, concordei em fazer (mais uma) tentativa de reconciliação. Só que, nestas coisas há sempre alguém que perde – eu. Neste caso para bem da minha filha, vou tentar fingir. Ainda por cima a minha mulher pensa que já está. Os ingleses têm uma boa expressão para isto: She thinks, she´s got it made. Porque o meu coração está noutro sítio. Há mais de um ano. Só que a mulher de quem eu gosto não diz nada. Não se manifesta de modo algum. Mando lhe mensagens e outras coisas, e ela nem sequer me as responde. Mais, até me evita. Não sei se ela gosta de mim ou não, não sei nada. Os meus amigos há muito que me dizem para eu me esquecer dela. Mas é tão complicado, porque penso que ela é a mulher da minha vida. Por muitas razões, que eu um dia gostava de lhe contar! Mas não a vejo em lado nenhum e também não tenho coragem de lhe telefonar, por receio de uma rejeição. Cruzo me de vez em quanto de carro com ela, mas nem aí ela olha para mim. Costumo dizer, quando a vejo, já seria milionário se eu pudesse vender a adrenalina. Gosto mesmo muito dela, claro que aqui não posso dizer quem é, mas se ela ler estas linhas, sabe que é sobre ela. O nome dela tem a ver com um dos verbos que acabei de escrever, haha. Havia uma cantora inglesa ou irlandesa dos anos setenta, Penny McLean, que cantava uma canção em alemão assim:
Zwischen zwei Gefühlen,
schwank ich hin und her,
denn ich liebe ihn
obwohl ich dir gehör.
Traduzido: Estou entre dois sentimentos, amo a ele mas pertenço a ti.
Mas no meu caso, o amor perde, se eu ao menos pudesse falar com ela........