Descansem! Não me vou suicidar, nem pouco mais ou menos, nem nas palavras nem em outras coisas quaisquer! Por isso, já devem ter calculado onde quero chegar com esta frase!
Certo, fui ver esta noite a peça com este título da companhia de teatro bejense Arte Pública, e, ao contrário do que pensei, gostei bastante! Costuma-se dizer que, quando se vai a algum lado com poucas expectativas se sai dali satisfeito. Boas expectativas até tinha, porque uma peça dessa companhia é sempre de qualidade, porém, o próprio título pouco prometia – puro engano!
Pouca gente aguardava sentada frente ao pequeno palco da Sala-Estúdio no “nosso” Pax, talvez por se tratar de uma reposição, não sei. A altura dessa reposição até fora bem escolhida, em meu ver, já que hoje começara o Outono, ou seja, o fim de algo belo que é o Verão, neste caso simbolizando o auge da vida, e onde começa o declínio, o aproximar do fim. E era precisamente sobre este aproximar do fim, ou seja, a morte que se falara bastante nesta noite neste sítio mantido quase totalmente de preto!
Devem pensar: mas que deprimente! Talvez...mas, se alguém neste “estado” estiver a assistir a esta peça poderá até pensar: mas que disparate! Não sou nada disso, isso não me diz respeito...e vira essa depressão no avesso quase como gozando com os textos da autoria de Ruy Belo.
Belissimamente apresentado (e por vezes até cantado) por Nuno Nogueira, consegui rever-me em muitos textos desse poeta falecido em 1976 com apenas 45 anos de idade. Gostei particularmente dos textos sobre crianças, casas e árvores. Criança, claro, continuo a ser uma, já que nasci no dia deles. Casas, lugares de gente pobre, locais que apenas gente pobre entende, e como entendi esse texto. Já tive casa, e quando saí dessa casa ela parecia não ter nada gostado desse facto, cada vez que por lá passei parecia querer falar comigo, e, só na altura em que assinei um certo e determinado papel essa “conversa” parecia ter estagnado...
Árvores, claro! Adoro árvores! Para mim, tanto como para este poeta desaparecido cedo demais, simbolizam a vida, e cada árvore que se corta é um assassinato! E também diz que cada árvore é tanto árvore que só se pode chamar árvore a uma árvore – adorei essa frase (penso que era mais ou menos assim...)
Pronto, regressando “à terra” e voltando ao que está escrito ali em baixo como “etiqueta” – deve ser a única peça dessa companhia onde aparece a palavra tourada – mas isso já são outras histórias. E, mais um pequeno reparo...a música não necessitava de ser tão amplificada, houve alturas em que não se entendia o que o performer dizia, ou então, oiço bem demais (é verdade, até fora comprovado em testes no meu tempo de tropa)! Uma última palavra ainda para esses músicos, malta da “pesada” que estive em bom plano também!
Amanhã é o último dia desta peça apresentada como sendo uma performance poética e musical, ainda podem comprovar se tenho razão, ou não!
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