sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Irrrrritação!

Ontem passou na televisão, na RTP1 no programa Portugal em Directo, uma reportagem sobre o novo aeroporto civil de Beja. Tudo muito bem, até aparecer um certo senhor, sinceramente não me lembro do nome mas que tinha “compado” o Jornal de Beja, um jornal, segundo ele, que está em “stand by”. O que ele disse, revoltou-me bastante. Como sabem, sou alemão e vivi os primeiros anos da minha estadia em Portugal entre eles. Então disse esse dito senhor, que na vinda dos alemães a cidade de Beja esperava um grande aumento da vivacidade e economia. E assim aconteceu. Basta lembrar, que o mercado municipal, a piscina descoberta e claro, o Bairro Alemão foram financiados pelos alemães. Mas depois, disse esse senhor, os alemães criaram estruturas próprias para se abastecerem. Ora, isso não é, de tudo, verdade! Ele não sabe o que diz. Verdade sim, foi criado o “Zollshop”, uma loja onde foram vendidos produtos vindos directamente, por avião e por camião, da Alemanha. Mas foi criado porquê? Isso esse senhor não disse. Porque na altura Beja não tinha nada. Não havia lojas de jeito, havia pouca escolha. Ora, um alemão que vem para Portugal está habituado ao nível de vida alemão, muitos traziam a família com eles, mas as lojas locais não conseguiam satisfazer as necessidades deles. Por essa e única razão foi criado o Zollshop. Mas, ao contrário o que esse senhor disse, os alemães continuavam a fazer compras em Beja, nomeadamente no mercado municipal e nos “lugares” em redor do bairro alemão. Peço desculpa por essa irritação, mas tinha que dizer isso. Não queria que ficasse a ideia que os alemães tinham o mesmo comportamento dos americanos, que fazem, como é sabido, de qualquer base um little America. Vou, daqui em adiante, falar novamente sobre o aeroporto, sobre as suas origens que pouca gente sabe e sobre a convivência dos alemães com os portugueses na altura.

12 Comments:

At 17 fevereiro, 2006 12:15, Blogger Francisco said...

Tudo o que diz é verdade. Eu sei-o por experiência própria.
Vivi no "Bairro Alemão" durante dez anos e convivi, por intermédio dos meus pais, com várias famílias de alemães.
Duas dessas famílias continuam a manter um contacto regular com a minha, porque a amizade é uma coisa muito bonita e, neste caso, já dura há mais de 30 anos.
Relativamente ao comércio local, tem toda a razão.
Os alemães não só ajudaram a dinamizá-lo com o seu poder de compra (o lado positivo) como contribuiram para uma subida de preços (o lado negativo), tendência que se sente ainda hoje. As leis da economia são mesmo assim.
Mais: foi graças aos alemães que os bejenses tiveram acesso, principalmente nos anos 70 e primeira metade dos anos 80 (pré-CEE), a uma quantidade de produtos até então desconhecidos.
O Zig não se lembrará, porque ainda não tinha cá chegado, mas sabe que o desenvolvimento turístico de Monte Gordo muito deve aos bejenses.
Mas não só. Muito do dinheiro gasto nessa terra algarvia, que não passava de um lugarzinho de pescadores, saíu das carteiras de alemães aqui da Base que lá iam em lazer e que nunca olhavam a despesas, tanto mais que os preços, para eles, eram ridículos!
Eu, pessoalmente, muito devo a alguns compatriotas seus, que numa fase complicadíssima da minha vida me ajudaram de uma forma que jamais esquecerei.
Mas isso são "contas de outro rosário"...

 
At 17 fevereiro, 2006 14:08, Blogger Unknown said...

Aqui na Madeira vivo na cidade do Caniço onde a maior parte da população estrangeira é alemã, há muitos hotéis e é tudo super caro! Qualquer apartamento T1 custa no mínimo €600 por mês e a alimentação também sobe astronomicamente!
Os alemães aqui vivem muito fechados na sua comunidade e alguns têm filhos já com 12/13 anos que frequentam a minha escola, estes alunos têm apoios acrescidos porque na maior parte das vezes se recusam a falar Português!Como aqui há muitas pessoas que falam alemão não é preciso muito esforço para aprender português!
Há hotéis, restaurantes, bares, escolas e ginásios alemães...
Em relação aos alemães em Beja nada tenho a dizer.

Só gostava mesmo que o aeroporto andasse para a frente! É uma chatice ter que ir sempre a Lisboa para vir para a Madeira!
No início familiares levevam-me ao aeroporto, depois comecei a ir de combóio ou de expresso, agora alugo um carro no aeroporto... se tivesse um aeroporto aí era muito bom...

 
At 17 fevereiro, 2006 15:05, Blogger Unknown said...

O seu a seu dono! Excelente exposição caro Zig!

E espero que o aeroporto seja aberto à aviação civil! Iria ser excelente para o Alentejo!!!

Abraço e bom fim de semana!!!

 
At 17 fevereiro, 2006 15:32, Blogger LUIS MILHANO (Lumife) said...

É bom espevitar certas memórias ou esclarecer certas pessoas que por vezes falam sem saber de quê.

Bom fim de semana.

 
At 17 fevereiro, 2006 15:33, Blogger nikonman said...

Também fiquei muito admirado com o aparecimento desse senhor do JB. Quem terá tido a ideia de o desenterrar?

 
At 17 fevereiro, 2006 17:52, Blogger Zig said...

@chico
Conheço muitos portugueses que criaram amizades para a vida toda com alemães e ainda hoje se escrevem. Mas de os alemães serem "responsáveis" para o encarecimento de Beja, não sei, porque Évora, por exemplo, também é caro. Comprou-se muita coisa aos alemães, como garrafas de whisky (lol), lembro-me de terem comprado muitas latas de ananás, que cá fora eram muito caras, e outros produtos. Também na altura ganhava bem, era só gastar, se eu tivesse sido mais poupado, não andava a ganir hoje....

 
At 17 fevereiro, 2006 17:53, Blogger Zig said...

@trequita
Não fazia ideia que na Madeira viviam muitos alemães, e também estranho muito o comportamento deles. Normalmente não são assim. Talvez sejam de origem sul-americana, há décadas vivem lá muitos alemães, como a vida nestas paragens não é lá muito boa, mudaram-se para cá, não sei.
Claro, um aeroporto cá encurtava a distância entre o teu sítio onde tens o coração (1) e o sítio onde tens o teu coração (2) em duas horas, ehehehehe.

 
At 17 fevereiro, 2006 17:54, Blogger Zig said...

@o restaurador
Um bom fim-de-semana para si também, e claro, para todos! O aeroporto civil é uma esperança dos bejenses e alentejanos em geral desde há longos anos. Só pode ser bom, não vejo mesmo pontos negativos nisso.

 
At 17 fevereiro, 2006 17:59, Blogger Zig said...

@lumife
Como disse há pouco tempo, qualquer dia vou mudar o meu nickname para saudosista. Tenho grandes lembranças desse tempo, de vez enquanto vou aqui escrever sobre isso.

 
At 17 fevereiro, 2006 18:00, Blogger Zig said...

@Nikonman
Deve ser um "Velho do Restelo", mas de Beja. Talvez os jornalistas fossem mal informados sobre as pessoas que podiam informar sobre a vida de antigamente em Beja. Isto lembrou-me de um certo senhor, que um dia foi convidado para ir a um programa de manhã na RTP1, ainda com Manuel Luis Gocha, e fez uma figura tão triste que ainda hoje é falado....

 
At 17 fevereiro, 2006 22:51, Blogger Unknown said...

Aqui há mesmo muitos Alemães, até estranho não saberes disso!
Esta cidade começou a ter turismo com os alemães, o primeiro hotel do caniço pertence a um alemão, os outros que se seguiram também pertencem a grupos alemães, como tal a maior parte dos turistas são alemães.
Alguns passam cá férias e acabam po ficar cá.
Conheço alguns mas na maioria são muito fechados e carrancudos :)
Já percebi que deves ser diferente.

 
At 17 fevereiro, 2006 23:28, Blogger Zig said...

@trequita
Bem, pode ser, quando for visitar em Maio essa linda ilha, que eu os consiga "abrir" um pouco (lol). Mas realmente, acho estranho de eles serem assim.

 

Enviar um comentário

<< Home