sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Pela Vida II

Vou dar hoje continuidade ao meu texto do Sábado passado, dia escolhido pelas razões explicadas nesse post. Antes de continuar com o tema, só uma nota. Tenho recebido alguns comentários no meu blog a favor do “Sim” e do “Não”, mas que são normalmente anónimos. Não me importo muito que sejam anónimos, mas assim, em meu ver, os autores dos comentários atingem precisamente o contrário do pretendido, deixam um ar de negativismo no blog. É que, um anónimo não quer ser conhecido, e não vejo qual é a razão! Se eles fizessem campanha com os seus comentários nos blogues indicando o seu nome, teriam muito mais êxito.

Iniciei o texto da semana passada com a “minha” escala da vida. A posição máxima, a escala mais alta, é, claro, a vida humana. Pelo menos devia de ser assim, mas o ser humano é curiosamente a única espécie a habitar na terra que se mata uns aos outros. Não deliberadamente, claro, mas sim, com razões que nem a própria razão conhece. Em guerras, genocídios, homicídios etc. O aborto podemos classificar também como homicídio, embora que não seja um ser já nascido, mas as raízes estão lá. Nesta questão, no do aborto, podemo-nos questionar por que razão chamam o ser humano um ser racional, e os animais seres irracionais. Tanto quanto sei, um animal não aborta os seus fetos!

Agora, uma das grandes perguntas nesta discussão sobre o aborto é quando é que começa a vida, se é aos 5, aos 10 semanas ou só quando o bebe nasce. Para mim nem sequer é uma questão! Passo a explicar. A vida está em tudo! Como disse na semana passada, a vida está numa planta, numa árvore, num insecto ou num animal. O ser humano é o esplendor máximo dessa vida, cada célula no corpo equivale a vida. Por isso, um embrião, ou uma célula fecundada, desde do primeiro segundo é vida. Não é uma célula maligna como os do cancro, esses sim, têm que ser removidos, eliminados. Os embriões, não! E ainda com uma agravante! A esperança da vida, a esperança de poder nascer dessa célula um novo ser humano, um novo filho de Deus....

Hoje acabou o prazo de entrega de pedidos para legalizar movimentos que apoiam os dois lados nesse referendo sobra a despenalização do aborto. À Comissão Eleitoral chegaram 21 pedidos deste tipo, dos quais, 15 apoiarão o “Não”. No total, foram entregues mais de duzentos mil assinaturas de ambos os lados, um número impressionante! Desde logo deixa antever uma grande participação nesse referendo, mas não tenho assim tanta certeza. É que, hoje em dia há mais facilidades de comunicação do que no primeiro referendo, além disso, esse referendo, em meu ver, não foi levado muito a sério. Mas claro, o que conta no fim são os votos nas urnas, e nós aqui fazemos força que ganhe o “Não”!

Texto publicado em simultâneo aqui, no blog Pela Vida e na Taberna dos Inconformados

7 Comments:

At 13 janeiro, 2007 14:17, Blogger Pete said...

Eu sou pela despenalização do aborto, pois acho que as mulheres não devem ser tratadas como criminosas só porque não se sentem com capacidade para serem mães ou não têm condições financeiras para tal. Acho que as mulheres devem ter o direito a escolher, mesmo eu não concordando com o Aborto. Concordo que não as tratem como criminosas, porque acho que se liberalizarem o aborto as mulheres não vão começar a abortar por tudo e por nada.

Um Abraço e bom fim-de-semana.

 
At 13 janeiro, 2007 16:33, Blogger Moinante said...

Zig , a forma como é colocada a questão , a nivel de referendo , no meu ponto de vista , está completamente errada , isto porque a despenalização do aborto já é consagrada na lei : consultar esta morada (http://zigdebeja.blogspot.com/2007/01/pela-vida.html#comments )[comentário de Moinante].
Pessoalmente não posso é compactuar com a irresponsabilidade de determinadas pessoas . Face ao já escrevi anteriormente , no " pela vida I "
Adjudico o seguinte :Contudo há casos e casos , tendo em conta que um exame extremamente dificil de seu nome " amniocentesis " só se poder efecuar a partir do quinto mês de gravidês , se não estou em errado ou em casos especificos ligeiramente antes , a lei em vigor torna-se controversa ou obsuleta .Portanto penso que o aborto se evita com a prevenção ,nos principais casos .
Até porque há o risco de doenças GENÉTICAS graves .
Sem mais espero que me compreedam .
GOOD WEEKEND .

 
At 13 janeiro, 2007 17:37, Blogger Unknown said...

Há algum tempo ainda pensei em fazer campanha pelo sim (sabes bem qual é a minha opinião)mas, de há uns tempos para cá, dei por mim a perceber que esta história de referendo é só mesmo para nos fazer andar ocupados com algo que não o estado miserável da economia da nosso país... este referendo dá tempo aos membros do nosso governo para fazerem o que bem entendem uma vez que a comunicação social anda mais ocupada com os movimentos que apoiam tanto o sim como o não!
Recuso-me a pactuar com palhaçadas!
Se o governo tem autonomia para retirar direitos adquiridos, também a tem para passar por cima de referendos!

 
At 13 janeiro, 2007 21:45, Anonymous Anónimo said...

Pois...realmente a questão da vida, é uma coisa interessante e leva-nos sempre à questão paradoxal de colocarmos um animal em vias de extinção em frente a uma planta em vias de extinção da qual este se alimenta. Quem é que salvamos? A planta ou o animal? Podes dizer que o exemplo que fui buscar não tem nada a ver com o aborto. E aí acertaste em cheio. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Mas a vida é tudo, não é verdade? São as plantas e os animais, toda a biosfera. E no caso humano, nas sociedades humanas, viver implica obrigações sociais complexas. É dar aos filhos que surgem condições dignas às quais se possa chamar de vida. E isso tem um custo pessoal elevado e às vezes impossivel de ser cumprido.
Porque o viver Humano, nas leis dos Homens, não admite parir um ser para a selva ecológica onde existe essa outra lei da selecção natural e onde a vida, toda a vida está organizada de forma que a morte de uns é o pão que alimenta a sobrevivencia de outros.
A vida é sagrada, não é Zig? Por isso mesmo, por ser sagrada, é que uns comem os outros, para sobreviver; por quererem estar vivos. A morte e a vida, são os dois lados da mesma coisa.
Quanto ao aborto propriamente dito: O viver digno implica a limitação de nascimentos, pois os recursos são limitados. Ser mãe exige imenso e nem sempre se pode dar o que um putativo novo ser tem direito. O que me faz confusão, é que os partidários do NÃO agem como se não houvesse abortos! Provocam-se milhares de abortos todos os anos. O que se pretende Zig é despenalizar. Apenas acabar com a hipocrisia de fingir que ninguem faz abortos, e que os que são "apanhados" são criminosos.
Só isso!
Porque ele existe e sempre existirá mesmo que o NÃO ganhe.
Por isso, eu voto SIM!
Não por ser a favor do aborto, mas por ser contra a hipocrisia e a mentira.
OK?

 
At 14 janeiro, 2007 00:03, Blogger Zig said...

Pete:
Amigo pete, long time, no seen! Está tudo bem contigo? Esse nosso FCP – enfim!

Na realidade, até hoje nunca nenhuma mulher foi efectivamente condenada por ter cometido o crime de um aborto, é crime por estar assim na lei. Cada caso é um caso, não se pode generalizar. Já agora, qual é a tua intenção de voto?

Moinante:
Tal como te respondi, penso eu de quê, também sou a favor de um prolongamento do prazo de 10 semanas para poder abortar em casos especiais. O feto pode adoecer, mesmo assim, muito depois desse prazo prolongado. É uma difícil questão.

Trequita:
Bem visto, amiga. Ainda não tinha pensado nisso, até parece que o PS tomou essa despenalização como causa própria para tapar algumas trapalhadas feitas pelo governo deles. Parece que estás a dar-lhes razão porque, além de defenderem o sim nesse referendo, a outra maior preocupação é a abstenção. Querem mobilizar o seu eleitorado, para depois, se o sim ganhar, aproveitar essa vitória em seu favor. Politiquices, para variar....

Contraciclo:
Mais um loooongo comentário......

Já te tinha respondido à essa tua questão, penso eu. Agora, quando vier ao mundo um ser humano não desejado, sempre pode ser dado para adopção! É que, acho que qualquer mãe, seja de que estatuto social for, gosta do seu filho, e se a adopção for melhor para ele, deveria de dar esse passo!

As tuas intenções podem até ser muito boas, mas na realidade se o sim ganhar vai ser permitido o aborto, e que não vai ser apenas despenalizado. Muitas mulheres vão pensar que se vou ficar grávida, não há problema, sempre o posso “desmanchar”. Porque infelizmente temos ainda muita gente com baixo nível cultural que nem pensam em evitar de ficar grávida. Com a proibição do aborto pensam duas vezes, agora se o aborto for permitido, essa barreira desaparecerá!

 
At 14 janeiro, 2007 12:47, Anonymous Anónimo said...

@ Zig: Quando o Sim vencer ou se vencer, nada mudará. Rigorosamente nada!
Quando uma mulher quiser fazer um desmancho, fa-lo-á à mesma, só que numa circunstância é crime e noutra não o é.
O que eu achava mesmo correcto era os partidários do Não ao aborto e Sim à vida, fazerem um movimento permanente de apoio à mulher grávida que pensa em abortar. Assim sim é que se via as intenções genuinas das pessoas que integram os movimentos que agora de repente se lembraram que o aborto nao existe e que se vencer o sim passa de repente a existir.

 
At 14 janeiro, 2007 15:24, Blogger Zig said...

Contraciclo:
Isso digo eu também, só que nas minhas intervenções aqui ainda não cheguei lá!

Esse apoio à mulher grávida deveria caber ao estado, mas esse, à frente de todos o governo actual, nem quer ouvir falar disso. Desresponsabiliza-se fugindo no apoio à despenalização. A igreja, por outro lado, deveria fazer mais também, poderia usar algum que está a gastar na nova basílica de Fátima para esse fim, penso eu! Mas quem sou eu....

 

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