segunda-feira, 12 de novembro de 2007

A Ostra

A ostra, com os peixes conversando,
Não teve mão em si que não dissesse:
— Que vida preciosa, a minha! Quem merece
Mais cuidados do que eu? Sabei que mil fulgores
Se me acumulam nas entranhas...
Crio jóias sem par... jóias estranhas...
Numa palavra: pérolas, senhores!
O céu, o mar, os astros,
Solícitos, de rastros,
Vêm ofertar-me as suas cores.
Tenho dentro de mim reflexos diamantinos
E cristalinos... argentinos...
Cintilações... lucilações a esmo,
Enfim, é o mesmo
Que dar à luz o Sol! Talvez melhor, a Lua.
— Ah (um peixe responde), ouvi dizer
Que até te comem crua!

(Cabral do Nascimento)

Moral deste pequeno poema:
Quem se achar muito bom e perfeito, um dia, todo pode acabar num piscar de olhos!

2 Comments:

At 13 novembro, 2007 00:44, Blogger RCataluna said...

Muito bonito!!

Abraço!

 
At 13 novembro, 2007 01:20, Blogger Zig said...

Rcataluna:
:)

 

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