Histórias da minha Vida V
Este fim-de-semana há histórias da minha vida escolar. Mas para ser franco, não me lembro do meu primeiro dia. Sei que a minha mãe me acompanhou na entrada da escola, na “Grundschule” (Escola Básica) e eu tinha uma “Schultüte” (Saco de Escola) na mão como é habitual na Alemanha. É uma espécie de um grande cone, como nos gelados mas muito maior, e em plástico ou papelão. Continha guloseimas e brinquedos para o “Erstklässler” (Um que frequenta o primeiro ano). Lembro-me muito vagamente da sala, era em escada e o professor estava lá em baixo. A escola era algo longe da minha casa, o prédio era antigo do estilo inglês com os tijolos à vista. Recordo-me que tinha uma casa de banho comum no pátio que tinha uma vedação para com as casas privadas. Bem, a mais forte recordação que tenho deste primeiro ano é uma, não sei, algo infeliz recordação. A minha mãe metia-me sempre na “Schultasche” (Mala de escola que as crianças transportavam às costas) um lanche. Nesse dia talvez não gostasse do lanche e mandei-o por cima da vedação do pátio da escola. Fiz mal, deve ser por isso que ainda hoje me lembro das fatias de pão, ali deitados, no quintal de um vizinho da escola....
Curioso! Não me lembro de nenhum professor nem de nenhum colega da turma! Talvez a razão esteja no facto de eu ser o primeiro filho da família, o mais velho, portanto. Não era muito sociável, na pré-primária aguentei apenas uma manhã! Era um infantário muito barulhento e sem condições, com buracos na vedação e um quintal muito maltratado. Por outro lado penso que eu era um bom aluno, pelo menos nos primeiros 18 meses que andava nesta escola antes de nos mudarmos para uma outra terra. Só me recordo de uma aula de alemão, tinha algo a ver com a junção do “e” e do “i”, portanto, “ei” que em alemão se lê “ai”. Fora da escola tenho muito mais recordações, ligados ao ensino. Por exemplo, a primeira vez que sabia ver as horas. Eram dez e dez. Foi numa casa de uma amiga da minha mãe, lembro-me de estar sentado à mesa e olhar para o relógio da parede.
Ainda tive de frequentar um “curso” para alunos que tinham problemas na pronúncia. Não sabia dizes um “S”, dizia sempre “Sch”. Ou seja, eu era o Schigfried e não o Siegfried! Na primeira aula deste curso mandaram-me para uma sala errada! Eram crianças que não sabiam pronunciar o “tz”, traduzido em português talvez seja o ts. Quando foi a minha vez de falar, dizia tudo bem! Claro, disse eu, não é a minha sala! Quis apenas brilhar à frente dos outros! A recordação mais ternurenta penso que se passava no São Martinho. Cada aluno tinha uma lanterna, feita por ele. Era uma pequena caixa de papel transparente nos lados e com uma corda. Dentro tinha uma vela acesa e era transportada com uma vara. Até me lembro da canção que se cantava numa procissão nocturna:
Laterne, Laterne,
Sonne Mond und Sterne,
gehe auf mein Licht
gehe auf mein Licht,
nur meine liebe Laterne nicht....
Traduzido:
Lanterna, lanterna
sol lua e estrelas,
a minha luz que arde
a minha luz que arde
mas não a minha querida lanterna....
Post Scriptum: O blog Zig-Risos "sofreu" uma looooooooooooooooooonga actualização!!!
3 Comments:
Uma bela recordação, boa semana.
Gostei de ler, continuas a pintar sons com as as palavras, ó "Chigfrid", eh eh
barão da troia II:
Só as belas recordações é que ficam!
Obrigado e boa semana também!
celtiberix:
Obrigado.
Tem graça, o meu pai ainda hoje me chama assim, no gozo, claro!
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