sábado, 20 de maio de 2006

Festival da Canção - Que futuro?

Texto publicado aqui e na Taberna dos Inconformados

Longe, muito longe vai o tempo em que não podia esperar pelo dia da Eurovisão. Falo do Festival da Canção, da final. Desde que me lembro, acompanhava sempre canção por canção, e no fim a votação. Lembro-me de ter cantado em criança de 12 anos uma canção belga ou francesa, claro, não muito bem cantado, tal como uma criança o sabe fazer. Já em Portugal, gravava desde 1985 cada edição deste festival, não perdia um segundo sequer, parava a gravação nos intervalos para logo a seguir continuar. Porque nesta altura havia Festival da Canção digno deste nome, eram canções de jeito. Canções que ficavam na memória das pessoas, muitas propostas de cada país entraram nos chart’s deles, lembro-me de uma alemã que ficou muitas semanas em número um.
Bem, desde há dois anos para cá deixei de gravar, deixei de me interessar pelo festival. O que terá acontecido? Há muitas explicações em meu ver.
O Festival tornou-se demasiado grande. Há muitos novos países, todos querem participar. Qualquer dia até vai entrar uma Kasaquistão, estou mesmo a ver. Claro, todos querem participar, isto chama-se democracia, mas a qualidade sofre. Uma das frases que gosto de utilizar é: muitos cozinheiros estragam a sopa.
O festival tornou-se um negócio. Um amigo me diz, no futebol já não há equipas, só há empresas. No Festival da Canção é a mesma coisa. Quem ganha, traz muito dinheiro para o país deles, a final e as semanas que a antecedem traz muita gente. Os direitos televisivos são outro facto que os países ganhadores não podem desrespeitar. Fazem fortunas, ainda por cima há cada vez mais países, parece uma espiral sem fim.
A forma de votar. Antes eram equipas especializadas que faziam as votações. Um grupo de músicos e jornalistas entendidos na matéria. Hoje? Mais uma forma de fazer lucro! O tele-voto. Cada chamada custa dinheiro, e não é pouco. E claro, com a vaga dos emigrantes por esta Europa fora, vá de votar, vá de gastar!
A qualidade das canções. Como sou fã de música dos anos 70, gosto de canções bem cantadas e que transmitem uma mensagem. Entendo várias línguas, mas por razões obvias gosto delas em inglês ou em alemão. Bem, hoje quase já não há mensagens a transmitir, parece que já tudo foi dito. Melodias? Como uma das regras de ouro dos festivais é que não pode concorrer uma canção já antes editada, não raramente acontece que um compositor é surpreendido pela existência de uma canção semelhante, logo é desclassificada. O que resta? Muito glamour! Pouca roupa! Ou então, mensagens duvidosas e gritaria, como a da Finlândia.
No fim, a nossa. Dos Nonstop, que desfecho pouco digno! Começou logo com a polémica no Festival da Eurovisão da RTP, estação que em meu ver teve parte da culpa. Deveria de ter esclarecido melhor os regulamentos da votação. O povo, os votantes anónimos, sentiram-se enganados, foi como se não existissem! Como o português não é parvo, não votaram, nos países de emigração, para a canção portuguesa na semi-final da Quinta-feira. Bem feito! Hoje, mal outra vez. Como vejo quase sempre a RTP, hoje nem uma sílaba sobre o acontecimento. Parece que já passou, mas não. Acho que em Portugal o Festival da Canção ficou ferido de morte!
Para quem ainda tiver vontade de acompanhar algumas histórias deste evento, clique aqui.

5 Comments:

At 20 maio, 2006 02:11, Blogger Pete said...

Zig eu também acompanhava sempre o festival da canção, mas para aí à uns quatro ou cinco anos deixei de acompanhar; quer a selecção da música que nos vai representar, quer o festival internacional; porquê, pelos motivos que enunciastes e também porque aí à uns quatro ou cinco anos houve um representante de Portugal que arrasou conosco, pois ficámos em último lugar.

Um bom fim-de-semana e um abraço,

Pedro Gonçalves.

 
At 20 maio, 2006 02:48, Blogger Unknown said...

foi realmente uma desgraça! além de a nossa canção não valer nada as Nonstop também não ajudaram... começaram logo por fazer um engano no início em que uma cantora começou a cantar fora de tempo!!! e desafinaram que se fartaram... diga-se de passagem que muitos outros países tinham músicas de chacha....
bjokitas

 
At 20 maio, 2006 10:42, Blogger Zig said...

pete:
Nesse caso se pode mesmo aplicar a frase: Antigamente é que era bom.
Bom fim-de-semana também.

trequita:
Não tive oportunidade de ver a semi-final, fui fazer aquilo que mais gosto, cantar. Mas afinado, começámos já a preparar o concerto de Natal, com uma peça de Ennio Moricone, Gabriel's Oboe, numa adaptação para coros polifonicos. E pelo que me contas não perdi nada.
Beijinhos...

 
At 20 maio, 2006 17:55, Blogger RCataluna said...

Completamente de acordo. Vi um pouco da meia-final e foi o que se esperava, uma desgraça. Parece que hoje vai dar a final. Acho que vou ver outra coisa ou dar uma volta...

Abraço!

PS: Tenho andado muito ocupado. A ver se, esta semana, passo pela tua oficina, tá? Bom fim-de-semana!

 
At 20 maio, 2006 18:20, Blogger Zig said...

rcataluna:
São os tempos modernos, já não há valores. Mas vou ver a final, era para ir com a minha filha ver o Rodrigo Leão, mas ela já tinha outros planos, e sozinho não me apetece ir, já não estou bem em lado nenhum.

Estás à vontade, és sempre bem vindo!
Um abraço!

 

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