sábado, 3 de setembro de 2005

Mês

Faz hoje um mês que saí de casa. É quase como fazer anos. Um mês de liberdade. Sinto-me como um indivíduo que está há um mês em liberdade após 15 anos de prisão. Estou um pouco á toa ainda, uma mudança de vida destas não se conclui num mês só. Claro que há contratempos, mas com calma lá vou. Para aliviar o espírito faço diariamente uma hora de natação e logo a seguir uma hora de caminhada para estar depois saudavelmente “estafado”. Ainda não sei bem como hei de designar a minha (ainda) mulher. “Ex” ainda não é, “ainda” ainda o é, são apenas pormenores. Um pouco estranho é quando encontro amigos comuns que ainda não sabem da nossa separação. “Como está a esposa” perguntam eles, não sei, deve estar em casa ou a trabalhar, respondo eu. Porque ela, não sei bem porquê, não conta nada a ninguém, a não ser aos mais chegados amigos, claro. Também começou a caça á bruxa, quer dizer, á minha suposta amante. Agora faz a vida negra á minha cunhada pensando que é ela. Vou ter que inventar alguma, talvez uma chinesa de Hongkong, para ela ir lá e nunca mais voltar (lol). Também tenho de agradecer aos leitores deste blog por não terem divulgado em demasia a existência do mesmo, porque ela ainda não sabe que ele existe.
Também deu para pensar muito neste assunto da separação e de ver muita gente infeliz por aí. Se a mentalidade portuguesa fosse outra, penso que mais pessoas davam este passo. Mas há situações de todo o tipo. Penso que os homens são os piores! Gostam de ter uma escrava em casa que faz comida, lava a roupa e a noite ainda abre as pernas para o “senhor”. Também há mulheres que não se importam de levar uma vida destas. É por causa das pessoas, da vergonha, dizem elas. É o comodismo, digo eu. Mais vale só do que mal acompanhado, digo eu. Para frente é o caminho! Se encontrar uma pedra neste caminho, contorne-a! Se aparecer uma dificuldade, confronte-a de frente! Não olhe para traz!
No que diz respeito a minha própria vida e o meu futuro, claro, primeiro tenho que resolver os assuntos “pendentes”. Tudo com calma e ponderação, dependente também da colaboração da minha “ainda”. Quando estiver tudo mais ou menos nos eixos, só depois posso pensar em mais altos voos. Porque com a cabeça ainda cheia dos problemas não resolvidos não se consegue pensar noutra coisa, não se é a pessoa que se gostaria que fosse, não se tem a liberdade total dos actos. Vocês sabem bem de que estou a falar. Mas se a minha vida não for nessa direcção por mim desejada, não é nenhum trauma. O que é preciso é sentir-se bem consigo próprio. E isto é um exercício que tem de ser aprendido. E não é facil...