To be, or not to be, that’s the question!
Esta frase emblemática de Shakespeare assenta nem uma luva a esse caso. O PM de Portugal é, ou não é, engenheiro? O levantamento dessas dúvidas começou nos blogues, lugares normalmente muito críticos à governação socialista, o meu também não foge à regra.
Não vou agora e aqui desenrolar de novo todo esse processo, quero apenas realçar duas questões: Como é que é possível que o certificado que atribui esse título a José Sócrates foi assinado num Domingo, facto nunca desmentido, e como é que é possível que uma licenciatura dessas se pode “adquirir” a prestações, fazendo cadeiras aqui ou ali, em tempos completamente diferentes? Bem, pelo menos o “currículo” oficial de Sócrates já foi alterado de “Engenheiro” para “Licenciado em Engenharia Civil”!
O caso até não seria assim tão grave, se a universidade que “atribuiu” esse título a Sócrates não estivesse agora nas primeiras páginas dos jornais, e naturalmente não pelas melhores razões. Desvios de fundos, corrupção, falsificação de documentos, clientelismo, you name it! Hoje até o ministro do ensino superior teve que intervir dizendo que não se pode pôr em causa todos os diplomas conseguidas por antigos alunos nessa universidade, piscando, logicamente, o olho ao caso Sócrates!
Não será essa questão também um caso de mentalidade portuguesa que tem de atribuir a toda a gente um título? Todas as altas chefias de todas as partes da sociedade portuguesa tem que ter obrigatoriamente um título! Doutores, professores, presidentes, comandantes, conselheiros, a lista é longa. Porquê é que não pode ser conhecido só e apenas pelo nome? Não sei, talvez porque as mulheres de Portugal são quase sempre designadas como Dona não sei quantas, e os homens não querem ficar atrás....
Vou agora contar um caso que se passou comigo durante as “festividades” da reunificação das duas Alemanhas. Convidaram-me para participar numa entrevista em directo da antiga Casa Alemã em Beja, para a RTP2. Além de mim, falou uma alta patente da administração civil alemã da Base Aérea de Beja, que, como sabem, foi construída e ainda estava ocupada nessa altura pelos meus conterrâneos. Esse meu “colega” necessitou um tradutor, eu, não! Fui, por assim dizer, o representante do povo alemão, e a outra pessoa representou a política.
Ele, em quase apoteose, enalteceu o feito histórico dessa reunificação, e eu, pelo contrário, preocupei-me mais com as consequências e dificuldades resultantes dessa reunificação, dificuldades que de facto se verificaram. Mas não era aí onde quero chegar com toda esta (já longa) conversa! É que, esse meu colega era engenheiro, e eu, não, claro que não! Mas fomos avisados antes da entrevista que iria aparecer na TV junto com os nossos nomes o título de engenheiro, tanto no meu como no dele! Aí é que protestei! Não sou engenheiro e não quero que isso apareça assim na TV. E se aparecer, não vou falar, ponto final! Resultado: ninguém ficou com nenhum título....
3 Comments:
Caro Zig
Sem querer parecer velha, eu ainda sou do tempo em que "tirar um curso no Técnico" exigia ter de fazer 2 CADEIRÕES: As "Álgebras" e as "Análises" I,II,III,IV respectivamente (A pior era a Análise II, havia pessoal com todas as disciplinas feitas e que só precisava dessa para se licenciar! Isso é que eram tempos, em que se marrava e que se ficava contente por poder ter hipotese de ir à "repescagem" da "repescagem" da 3ª época especial para fazer o exame de álgebra!!!! Isto era em 1983-88!
Agora é o que se vê!!!! Eh! Eh! Os cursos são como os chapéus: há muitos!!!
Ana Cristina
Zig,
Um «Engenheiro» na RTP2, e logo na minha tão apreciada Casa Alemã -Belos Rosbifes acompanhados por belas Cervejas com aguardente vínica, e Belas Companhias nos meus tempos boémios, que saudades...) pode não chegar a Primeiro Ministro, mas a Presidente da Câmara ou Vereador, não sei não...
Ana Cristina:
Hoje é à martelada! Vai-se fazendo! Agora, se eu fosse engenheiro muito provavelmante não estaria em Portugal....
Eu mesmo:
Sim senhor, belos tempos....
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