sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Pela Vida III

Sendo fim-de-semana, vou dar continuidade à minha campanha em favor do “Não” no próximo referendo. Quem tiver interesse, pode reler aqui e aqui as minhas primeiras duas intervenções nesta matéria. No meu “take 3” vou falar essencialmente sobre a campanha em si e questões políticas que rodeiam esse referendo.

Tanto quanto sei, aqui em Beja houve até hoje duas sessões de esclarecimento ou debates sobre o tema. O primeiro, na Sexta-feira da semana passada, foi um assim proclamado esclarecimento em favor do “Sim”. Mas para quem assistiu e que fosse indeciso, aquilo mais parecia uma sessão de campanha do que qualquer outra coisa. Na Quinta-feira desta semana assistiu-se a um debate no Politécnico de Beja organizado pelos alunos desse estabelecimento de ensino. Teve inicio marcado pelas 15 horas, e para toda a gente ouvir também teve transmissão em directo pela rádio. Falaram quatro convidados especiais, o Bispo de Beja e Teresa Chaves do movimento cívico Alentejo pelo Não, e do outro lado da bancada esteve a conhecida deputada Odete Santos do PCP e um médico, salvo erro do hospital de Beja.

Bem, para os de fora, pouco serviu esse debate. É que, o tempo disponibilizado pela rádio serviu apenas para ouvir as palestras dessas quatro pessoas. O Bispo, claro, sublinhou a vertente católica e cristã, Teresa Chaves principalmente tratou de desmascarar, e bem, os argumentos da campanha pelo Sim. Odete Santos, no seu estilo popular e já algo desgastado, preferiu ver as coisas mais pelo lado da mulher. Infelizmente não consegui ouvir a intervenção do médico, já que a essa hora trabalho. Mas penso que se deve ter debruçado sobre as questões médicas, logicamente.

Um dos argumentos do lado do Sim é a desnecessária participação da igreja. Entende-se bem porquê! É que são pelo lado que nos mais interessa, pelo lado que não tem dúvida, pelo sim à vida. No norte do país então, os padres estão muito mais envolvidos nesta questão do que no sul. No entanto, acho exagerada a intenção de um padre que hoje apareceu na TV que quer descomungar (penso que é assim que se escreve...) os católicos que promovem o aborto. A igreja faz, e ao contrário ao que o Sim defende, parte integrante da nossa sociedade civil!

Por último, acho escandaloso, sim, escandaloso o envolvimento dos partidos nesse referendo. Do BE e do PCP não se esperava outra coisa, é mais um tempo de antena garantido nas TV’s e rádios para espalhar as suas “avançadas” ideias, talvez para “tapar” as suas atrasadíssimas políticas em termos de economia e vida social. Pior, muito pior, o PS. Como partido que constitui governo em Portugal, não se tinham nada que meter tão activamente nesta questão. Quase que obrigam os seus militantes em votar para o lado deles, é que, de certeza que há muitos apoiantes do “Não” entre as suas fileiras. Dizem que é uma questão cívica! Pois é, meus amigos. O civismo deveria de nos dizer Sim à Vida e Não ao Aborto!

Falta só dar conhecimento do blog do movimento cívico pelo não, o Alentejo pelo Não.

Texto publicado em simultâneo aqui e no blog Pela Vida.

6 Comments:

At 20 janeiro, 2007 00:02, Anonymous Anónimo said...

Xi...que confusão que esse movimento faz. Tanta cabeça a andar à roda de fantasmas, com os padrecas do costume que nada fizeram para auxiliar as mulheres em aflição e agora vem aí armados em puritanos a querer excomungar, mais o raio que os parta!
Escuta Zig, escreve aí no teu blogue;: EU, CONTRACICLO, SOU CONTRA O ABORTO.
SOU COMO TU, A FAVOR DA VIDA.
O QUE ACONTECE É QUE SOU CONTRA A PENALIZAÇÃO DAS MULHERES QUE O FAÇAM! Entendes????? Não quero que neste país as mulheres sejam vistas e penalizadas como criminosas por fazer algo que é certamente doloroso e feito como ultimo recurso.

 
At 20 janeiro, 2007 01:54, Blogger Zig said...

contraciclo:
É mesmo essa confusão que baralha tudo, é essa confusão que vai levar que muita gente não vá votar. Só que, a despenalização do aborto vai ter também esse efeito, o efeito de o aborto ser livre! Não se pode separar as duas coisas, por mais que se queira!

 
At 21 janeiro, 2007 16:10, Anonymous Anónimo said...

Penso que se escreve excomungar

 
At 21 janeiro, 2007 19:40, Blogger Zig said...

Luís:
Obrigado!

 
At 22 janeiro, 2007 11:17, Blogger Sah'nak said...

Realmente tá engraçado este post. Engraçado sem ter graça nenhuma, pois o assunto é demasiado sério para que seja tratado com tamanha hipocrisia por essas pessoas que defendem o "não" agarradas a tais fundamentalismos, como o caso desse padreco, que chega ao extremos de assustar uma população com ameaças sem sentido.
Então o tal Sr. Bispo e a tal senhora defensora do não falaram muito bem, porque trataram do assunto pela sua perspectiva (a da Igreja), mas a Odete já tem um discurso "popular e já algo desgastado" e apenas "preferiu ver as coisas mais pelo lado da mulher". Ora que ousadia. Enfim, sem comentários.
Outra parte que me dá "uma certa graça" é dizer que a igreja faz parte da nossa sociedade. Ah, e os partidos não. Boa.
Enfim. Sejam realistas. Claro que somos todos contra o aborto. Mas Digam as Coisas como elas são, pois o que está em causa não é a legalização do aborto, mas sim a sua despenalização. É a luta pela melhoria das condições de quem o decidir fazer. Quantas dessas Senhoras que agora defendem o "Não" já foram a Espanha fazê-los com todas as condições...

 
At 22 janeiro, 2007 12:36, Blogger Zig said...

sah'nak:
Obrigado pelo comentário.

É engraçado como os lados opostos da barreira aproveitam sempre os erros dos fundamentalistas, como nesse caso, o desse padre ou bispo. Metem tudo no mesmo saco. Se isso não cheira a politiquices, não sei. Os partidos políticos fazem a mesma coisa em tempos de eleições legislativas ou autárquicas. Enfim....

Odete Santos, pois essa senhora. Conheci-a uma vez pessoalmente, jurei por nunca mais.

Essa vai ser a questão crucial desse referendo. Os do Sim defendem essa suposta despenalização, na realidade o que vai sair é que o aborto seja totalmente livre até aos dez semanas. Não me venham com coisas....

Seja como for, mando um abraço alentejano para Moura!

 

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