quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Lei - Fumo - Enfermeiros

Enquanto algumas decisões do governo geram consenso como a escolha do novo PGR, outras nem por isso. Uma dessas decisões controversas é a nova proposta de lei do financiamento das autarquias. A Associação Nacional de Municípios Portugueses está frontalmente contra, convocando mesmo um congresso extraordinário para o próximo mês. Diz que é o pior “ataque” à independência autárquica desde da revolução do 25 de Abril. O mais curioso é, quando Sócrates estava na oposição, apoiou essa associação na “luta” contra uma proposta lei do então governo social-democrata. Agora já não se lembra dessas palavras. Como as coisas se alteram! O governo acusa as autarquias de serem gastadores e de não aplicarem devidamente o dinheiro “oferecido” por eles. Mas Fernando Ruas, presidente do conselho executivo dessa associação, contrapõe que só duas empresas públicas, a Refer e o Metropolitano de Lisboa, devem mais do que as mais de trezentos autarquias juntas! Estranho, pedem aos outros para terem cuidado com os gastos, mas na própria casa... enfim!

Uma cambalhota atrás de outra dá o ministro da saúde. Depois do anúncio da participação nos custos de internamento em hospitais por parte dos doentes, agora aparece com uma nova surpresa. A já há muito tempo esperada proposta de lei do “Anti-fumo” em locais públicos sofreu um novo abrandamento. Pessoalmente já estava a espera disso, sabendo que há muitos lobbies das tabaqueiras a travar essa lei, mas não esperava uma coisa dessas. A lei deverá entrar em vigor em inícios do próximo ano, mas – segurem-se! Terá um prazo de “deshabituação” que pode chegar aos 4(!) anos. Os proprietários de um restaurante, por exemplo, têm esse longo prazo até proibir esse bafo no seu estabelecimento. Com essa medida o governo passa a batata quente aos exploradores de espaços públicos e, para mim o mais grave, faz como se não acontecesse nada. Porque assim ninguém vai proibir nada, vai ficar tudo na mesma. Ninguém quer perder clientes, a saúde que se lixe!

Essa lei foi pensada para proteger o não-fumador. É que um empregado de um café a estar exposto ao fumo por 20 horas semanais, tem mais 45% de probabilidade de sofrer um enfarte cardíaco. Dá que pensar! Essa lei também obriga a retirada das máquinas automáticas de venda de tabaco dos estabelecimentos. Coitadinho dos fumadores! Terão que encontrar outro local para adquirirem esses pregos de caixão!
Um caso engraçado, sem ter graça nenhuma, aconteceu no meu café habitual. Um amigo nosso que frequentava esse local está as portas da morte! Um dos pulmões dele já deixou de funcionar, o outro também está quase no fim. Já não se levanta, está numa agonia inimaginável! Foi fumador compulsivo, chegou a fumar três maços por dia! Há 10 anos que eu o conheço, há 10 anos que lhe digo para deixar de fumar. Mas não! O vício foi mais forte! O resultado está à vista. Estávamos nós a falar dele quando apareceu uma rapariga dos seus 17 ou 18 anos a pedir um cinzeiro....

Um estranho facto está a acontecer no ramo da enfermagem portuguesa. Sabe-se que é uma profissão com futuro e qualquer aluno que tire um curso desta especialidade tem sempre colocação! Há sempre falta de profissionais nesta área, mas muitos querem agora sair do país para exercer a sua profissão noutras paragens, nomeadamente nos EUA. Pelos vistos este curso encontra compatibilidade naquele país das grandes oportunidades, além disso, claro, ganha-se muito mais. Em minha opinião isso não deveria de ser permitido, já que o estado gasta muito dinheiro na formação desses profissionais de saúde, fazem cá falta mas, vão-se embora....

4 Comments:

At 21 setembro, 2006 00:11, Blogger Unknown said...

em relação aos enfermeiros, acho completamente normal eles quererem sair de cá! se há um outro país com melhores condições para se trabalhar então não vejo que mal tem em ir para lá! eu também fiz toda a minha vida de estudante em Beja mas quando chegou a altura de trabalhar não havia trabalho em condições! O que fiz? saí assim que pude em busca de melhores condições de vida. Calhou ser na Madeira mas poderia ter sido em Espanha, em África ou na Austrália...

 
At 21 setembro, 2006 00:45, Blogger Zig said...

trequita:
Isto é um velho problema da globalização, e que me desculpes, não estou de acordo com essa possibilidade de toda a gente poder sair do país, mesmo que esse país gastasse muito dinheiro na formação dessa pessoa. Imagina-te se toda a gente fizesse isso! Não sobrava cá ninguém. Claro que entendo as razões, se houver melhores condições lá fora, a pessoa aproveita. Lembras-te da "fuga" dos pilotos da Força Aérea Portuguesa para a aviação civil? Este caso é semelhante porque o estado é que pagou a sua formação.

 
At 27 setembro, 2006 12:04, Anonymous Anónimo said...

De certa forma essa questão da "fuga" até esta correcta...é certo q o estado paga esses cursos... nao se podem esquecer é q actualmente estão a sair milhares de enfermeiros recém-formados e as vagas começam a escassar... e também temos ca enfermeiros estrangeiros a ocupar vagas...Em relação ao ordenado... muito chorudo...boas condições...qualquer classe profissional faz o mesmo...para sobreviver. Posso também começar-vos a lembrar q começam a haver enfermeiros no desemprego...

 
At 27 setembro, 2006 12:48, Blogger Zig said...

anónimo:
Quem está dentro da enfermagem saberá julgar melhor certamente. Aqui queria apenas falar dessa questão, que há cursos que são pagos pelo estado e esse "aluno" depois aproveita essa sabedoria fora de portas. Acho injusto. Mas noutros países acontece o mesmo, portanto....

Não sabia que há enfermeiros desempregados!

 

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