Timor

Notícias preocupantes chegam-nos desta ex-colónia portuguesa. Notícias de violência que relembram os tempos que antecederam a independência deste estado. A Austrália já mandou retirar o pessoal diplomático não necessário do país, Portugal por enquanto ainda não deu este passo, mas aconselha os portugueses de ficarem em casa, só devem sair em extrema necessidade. Não creio que corram perigo, a maior parte dos portugueses que lá se encontram estão a ajudar o país, ainda por cima estão a ser pagos pelo estado português ou pela ONU. Mas nunca se sabe, os velhos ódios não desaparecem de um dia para o outro.
Ainda me lembro de ter andado com um laço branco no carro e de ter participado numa vigília frente à biblioteca, em apoio à independência de Timor. Espero que não fosse em vão, espero que o bom senso perdura.
Esta nova escalada de violência tem várias razões. Uma, claro, a pobreza. Por mais dinheiro que se injecta em Timor, nunca chega. Portugal deu o exemplo, foi o primeiro país que cumpriu com a sua promessa de ajudar, e ainda continua, mas outros países falharam com o prometido. Ficou muito bem na fotografia quando os olhos do mundo estavam postos em Timor, um PM de um qualquer país dizer, vamos ajudar. Mas depois, umas gotas daí, umas verbazitas dali, pouco mais.
A educação dos timorenses é outro aspecto. Quem agora reactiva a violência não são os estudantes ou os recém instruídos, são os analfabetos que não vêm um futuro na sua vida. Ex-militares que não conseguiram entrar no quadro da polícia ou nas forças armadas. Claro, não havia espaço para tanta gente.
Como em todo o lado, os apoiantes do antigo regime não desapareceram. Como na Alemanha depois da 2º guerra mundial, os seguidores do antigo regime tiveram que ir a algum lado, ou ficaram calados, ou saíram do país. Pois, em Timor penso antes na primeira hipótese, agora têm nova oportunidade de se fazer ouvir e notar.
E claro, a mesma razão de sempre. O dinheiro, em forma de ouro negro, o petróleo. Todos querem uma fatia deste bolo, um bolo que está mesmo aí, basta derrubar o governo e já está. Faz este governo muito bem em pedir ajuda externa, mesmo que venha da Austrália que está mesmo ao lado e tem hipótese de chegar rapidamente. Uma força da ONU levaria muito tempo, como ficou demonstrado no tempo anterior. Bem, talvez não demoraria tanto agora, pois há petróleo!
Espero que fique por aí, espero que Timor seja primeira página por outros motivos e não pela violência.