Vida de cão

Texto escrito para o blog http://tabernainconformados.blogspot.com do qual faço parte com muito orgulho!

Em primeiro lugar, deixem-me apresentar. Sou Siegfried Kraus, alcunha zig, alemão de nascença e alentejano de coração. Agradeço o convite do restaurador de fazer parte deste blog, espero continuar da melhor forma o alto nível que este blog tem. Sou o taberneiro aos Sábados, mas sou aquele que não bebe, só muito raramente! Tenho boa disposição, normalmente, gosto da ironia, e sou um eterno inconformado, quase um perfeccionista!
Tenho vários passatempos, vou falar aqui e hoje de um deles.
Como os leitores habituais do meu blog sabem, ajudo um pouco na Associação Cantinho dos Animais. Temos um “canil” que actualmente alberga 160 cães em condições no mínimo precárias. Travamos uma luta diária para conseguir dinheiro para comprar ração. Mas do canil e das nossas actividades vou falar outro dia.
Hoje concentro-me no cão abandonado, o que isso significa para ele e o que ele sente. Ponham-se na pele dele, façam de conta que são um cão! Ora, aos três meses de idade, ainda mal desabituado da mãe e do saboroso leite dela, começa a olhar em seu redor. Nascido numa quinta de um criador, é metido numa jaula que mal dá para ele se virar. É transportado até um centro comercial, até uma loja de animais para fazer de montra. Olha, que giro, diz uma menina. Quero este, diz o rapaz muito convicto, e o pai cede. Realmente, fizeram uma boa compra, este cão vai-lhes dar muito gozo. À, diz o pai, é para o filho, de presente dos anos. Temos de lhe dar um nome, Bobbi, esse mesmo. Bem, o cão cresce, fica muito grande, estraga os sapatos, dá cabe dos tapetes no T3 do sétimo andar do apartamento da família. Vai com o cão á rua, vai tu! Não tenho tempo. Lá fez ele outra vez no quarto. Vai-te embora para a varanda, seu .....
As férias se aproximam. Olha, filho, um amigo meu tem uma quinta, vamos deixar o Bobbi lá durante as férias. Então, mas no ano passado foi connosco! Pois foi, mas agora ele está muito grande, não pode ir.
Mas o pai está com outras intenções. Mete-o no carro, faz muitos quilómetros e deixa-o no meio do mato. Sem remorsos volta a casa. Então, o teu amigo gostou do cão? Sim, adorou, quer ficar com ele! Mas o cão é meu!! Está bem, depois das férias vamos visitar o Bobbi.
Para o cão começa o inferno. Vê-se de repente sozinho, não sabe onde está, não se sabe alimentar sozinho. Quer juntar-se a outros cães, mas não o aceitam. É mordido, corrido de um lado ao outro. Quase é atropelado por um carro, o condutor nem travou. Chove copiosamente, é noite, está sozinho....

Pensem duas vezes até adquirir um animal, pensem nele também.