O poeta é um mostrador
O poeta é um mostrador. Tal numa ostra
se esconde como lágrima uma pérola,
cantando, se não é alma o que mostra
e, chorando, uma estrela, acha uma esquírola
De estrela e um hausto íntimo que o prostra:
Último alento de hálito, berilo
na coroa do Ser com que se arrostra.
Sua voz (frio ele e fosco) é a pérola.
Mas o poeta ainda é mais que mostrador
do próprio coração da vida, à flor
do verbo de raiz no Verbo-Amor:
Porque do fogo ateador (e foge-o
então o humano medo), é já relógio
do tempo eterno, às mãos de Deus, sua dor.
(Vitorino Nemésio)
se esconde como lágrima uma pérola,
cantando, se não é alma o que mostra
e, chorando, uma estrela, acha uma esquírola
De estrela e um hausto íntimo que o prostra:
Último alento de hálito, berilo
na coroa do Ser com que se arrostra.
Sua voz (frio ele e fosco) é a pérola.
Mas o poeta ainda é mais que mostrador
do próprio coração da vida, à flor
do verbo de raiz no Verbo-Amor:
Porque do fogo ateador (e foge-o
então o humano medo), é já relógio
do tempo eterno, às mãos de Deus, sua dor.
(Vitorino Nemésio)
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