sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Natascha Kampusch

Texto publicado em simultâneo aqui e na Taberna dos Inconformados



Estive a ver na RTP a entrevista que Natascha Kampusch concedeu ao ORF, a televisão pública austríaca. O caso foi largamente divulgado na comunicação social, ela foi raptada há oito anos, viveu em cativeiro esse tempo todo e conseguiu fugir há ca. de 15 dias.

Confesso que não sou um grande conhecedor das pessoas, mas sou um conhecedor da mentalidade austríaca, muito parecida com a da Baviera, região onde vivi os meus últimos anos antes de vir para Portugal. Em minha opinião, para quem não entende a língua alemã, embora que no caso se falasse um ligeiro dialecto, ficou com uma ideia errada da rapariga! Por vezes li as traduções das frases, continham muitos erros, principalmente quando ela usava palavras de “calão”, além disso, ficou a ideia que ela seria uma rapariga dura, já que não olhava para os olhos do entrevistador. Também sou assim, e não sou nada duro! Durante a entrevista, no intervalo e depois, um psicólogo português tentou explicar, ou tentou descobrir a maneira de ser dela. Não lhe dei ouvidos, já que ele não entende alemão, só lia o que estava lá (mal) escrito e não conhece a mentalidade austríaca. Não quer dizer que sou melhor que ele, ele é que tem a sua profissão e é certamente muito bem pago por isso, mas não confio nele, ponto final!



Fiquei com a ideia que lá estava não uma rapariga de 18 anos, mas sim, uma menina de 15. Lógico e natural, depois disso tudo que ela passou! Emocionei-me com ela e ri-me quando ela sorriu. Tocou-me bastante, esta entrevista. Inicialmente ela estava bastante nervosa, sabia que os olhos do mundo estavam postos nela. O entrevistador estava excelente, a entrevista mais parecia uma conversa amigável. O que mais me tocou foi a forma simples e resumida e clara como ela descreveu as situações sobre os quais era questionada. Pensa em escrever um livro, mas claro, ainda está confusa, ainda vive num hospital rodeada de gente simpática que só a querem ajudar, e ainda bem. Seria um grande erro se ela fosse logo “largada” às feras da comunicação social. Disse que já não lia os jornais porque inventavam muita coisa. Outro ponto tocante era, mesmo depois desse tempo todo que ela passou mal, ainda quer ajudar outras pessoas, quer criar uma fundação! Louvável. Parece que não está em guerra com o mundo. Está curiosa, quer viajar, conhecer pessoas novas. Tudo a seu tempo, claro, ficou especialmente chateada por ainda não ter experimentado um primeiro amor....



O sequestrador? O que dizer dele? Como ela só tinha a ele para conviver, que remédio tinha ela em se entender com ele. Descrevia-o como paranóico, desequilibrado! Só podia, ninguém no seu juízo normal faria uma coisa dessas. Na entrevista falava de um aspecto novo, pelo menos eu ainda não tinha ouvido falar disso. Aparentemente só ficou sequestrado para pedir resgate, coisa que nunca aconteceu. Seria um assunto a investigar. Ela até se preocupou com ele, melhor, com os amigos e familiares dele. Ficariam desapontados se descobrissem as coisas que ele é capaz! Mas, como é sabido, já não pode ser interrogado já que se suicidou....

Resumindo, é um caso chocante e belo ao mesmo tempo! Chocante por tudo o que ela passou, de lhe terem sidos tirados os melhores oito anos da vida dela, o sofrimento dos familiares e amigos e o desfecho da vida desgraçada do sequestrador. Bom e belo é de ver essa jovem a querer afirmar-se, a querer refazer a sua vida, estudar, trabalhar, namorar, enfim, viver! Força, Natascha!

Actualização 22.08.2007 aqui