Dá que pensar!

Como é sabido, a minha humilde pessoa se dá com toda a gente. Não gosto de guerrinhas nem guerrilhas, detesto a violência e bêbedos. Por outro lado, gosto muito de comunicar e conversar, e por ser assim, falo cordialmente com toda a gente, desde do Sr. Doutor, Engenheiro ou Major, ao Pedreiro, Calceteiro ou Pedinte (tudo em maiúscula…). Mas o que me aconteceu há pouco (de novo no Largo de São João, tenho que evitar passar por ali…) me fez pensar!

Estive a caminhar um pouco com uma pessoa muito conhecida da “praça”, uma pessoa que muita gente considera reles por ser alguém a evitar. É alguém que em tempos caiu nas malhas da droga, mas está a tentar sair dessa desgraça e está “a metadona”, como se diz na gíria. É oriundo de Érvidel, tem lá a sua mãe e uma filha. Mas se não fosse essa “condição” de toxicodependente, seria uma pessoa como outra qualquer, sem qualquer diferença visível. Mas não é! É um drogado! É alguém que não presta, alguém a evitar! Por vezes, corre atrás de mim para pedir uma moeda, o que normalmente acontece. Mas como sou como acima descrito, muitas vezes pergunto-lhe como estava, como é que corre a vida, e ficamos a conversar.

Pois, há pouco, passando pelo dito Largo, fui “avistado” por muita gente a conversar com esta pessoa a evitar! Tínhamos a atenção de certas pessoas garantida! Olhavam-me de uma maneira que me fez pensar, pensei o quê é que alguns estão a pensar a ver-me com esta dita pessoa que é de se evitar! Terá a ver com droga? Terá a ver com desgraça? Terá a ver com mera curiosidade? Não sei, só sei que me fez pensar….

Post-scriptum:

Ao reler este texto, parece que, se alguém que não me conhece o estiver a ler, estou a chamar essa pessoa de drogado! Longe disso! A maioria das pessoas é que o vê apenas dessa maneira, mas para mim ele é alguém que, se não o encontrasse apenas nessa condição de pedinte (o que por vezes se torna aborrecido por ser repetitivo) podia muito bem ser meu amigo. Ele me considera um amigo, claro, estou lhe a dar moedas. Tenho uma certa simpatia por ele porque no fundo é um “bom moço”, só que, nessas condições somos quase como obrigados a termos cuidado….