A minha teoria do défice
Quase parece ser uma tese o que vou escrever hoje aqui. Não estou a tirar um mestrado de alguma disciplina, mas sim, estou a tentar manter-me com o pescoço em cima da linha de água, eu e mais alguns milhões de portugueses. É o mestrado da vida, e esta é a minha maneira de o “tirar”....
Como é sabido, já há muitos anos essa palavra “défice” está na boca de qualquer governante português, está um pouco por todos os jornais e noticiários televisivos. Mas o quê é que é esse tal défice? É a diferença entre o que se gasta e o que se ganha, dito de uma forma muito simplista, e aplicando ao estado português, é a diferença entre o que ele gasta (em salários, o que “dá” às autarquias, enfim, tudo o que sai do “bolso” dele) e o que ganha, maioritariamente através de impostos. Isso tudo misturado num orçamento geral e depois numa gigantesca conta final, aí é que sai o famoso défice, também designado como défice orçamental, défice porque o que o estado gasta é superior ao que ele ganha.
Mas qual é essa preocupação com esse défice? É simples! Estamos na Europa e temos o Euro. Antigamente, quando havia um défice, o quê é que se fazia? Desvalorizava-se a moeda, e pronto. Por exemplo, em 1983, um marco alemão valia 46 Escudos, e em 87 quase 100! Isto hoje em dia já não é possível, o estado português já não tem essa ferramenta da desvalorização da moeda para estabilizar as finanças do país! O que resta? O combate a esse dito défice!
Num país relativamente pequeno como o nosso, e, ainda por cima, quase que não tem recursos naturais, o que fazer? Estrangular literalmente a população! É isso mesmo! Pelos vistos, os últimos governantes não encontraram outro caminho se não esse, para sair dessa encruzilhada chamada défice. É que, a EU impôs um limite a Portugal, já que, se as contas portuguesas não encarrilarem, haverá medidas duras por parte dessa EU contra Portugal, nomeadamente aplicação de multas ou reduções de subsídios. Porquê? Porque se Portugal tiver uma grande instabilidade financeira, toda a zona Euro pode sair enfraquecida, toda a Europa terá mais dificuldades em se impor nesse mundo cada vez mais globalizado.
Défice, défice, défice! Já não oiço essa palavra! 21% de IVA, uma das “gasolinas” mais caras da Europa que ainda por cima no próximo ano aumentará em 2,5 cêntimos, a bem do tal défice! Mas, poupar onde? Mesmo se todos os governantes desse país não renovassem a sua frota automóvel ciclicamente e mesmo se não tivessem todas essas enormes regalias como cartões de crédito, telemóveis etc. etc., esse défice pouco se alteraria! O PSD bem tenta agora remar contra essa maré do combate a esse maldito défice, mas na altura quando esse partido estava ao rumo do país fez exactamente o mesmo! Não há outro remédio, é um problema estrutural do país, temos que viver com isso....
Mais tarde voltarei de novo a este tema, com uma nova teoria minha, a teoria da “Mentira dos números do Défice”!
2 Comments:
Pois a minha "teoria" é outra: défice é a diferença entre o discurso de um politico antes e depois de ser eleito! O que não falta em Portugal é défice de pouca vergonha na classe politica!
jocasipe:
Certíssimo!
Este, e muitos outros défices, a ler numa das próximas edições dessa minha "tese"....
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