Há dias assim....

....que me fazem pensar seriamente em mudar de profissão. Como sabem, “amanho” televisões. Também sabem que os TV’s hoje em dia estão a preço da chuva, pelo menos, aparentemente. Mas já lá vou! É que, o dia de hoje me correu tão mal que mais parece um pesadelo. Foram nada mais e nada menos do que cinco (!) horas “de roda” de uma TV, para depois chegar à conclusão que não tinha reparação possível porque o dono a tinha deixado trabalhar num estado lastimável, cheia de humidade em volta de porcaria, que acabou de vez com ela, mais precisamente, com o cinescópio! Para quem se interessar, a ficha da alta tensão estava tão gasta, que muita dessa alta tensão passou para a bobine da desmagnetizagem, que, com o tempo, magnetizou o écran, ficando cheio de cores! Nunca tinha visto nada igual!

Pois, essa minha profissão está em vias de extinção, assim parece! Os aparelhos que mais uso têm nessa minha área são os TV’s e os DVD’s. No caso do DVD, quando avariar, muito raramente a sua reparação compensa, já que um aparelho novo é bastante barato. Nos TV’s, o caso é diferente, em meu ver. É que, os fabricantes têm uma espécie de acordo! Em TV’s com cinescópio, a margem de lucro é bastante reduzida, já que são baratos. Logo, vá de já não os produzir! Nos LCD’s, pelo contrário, o lucro é maior, já que são (ainda) mais caros do que os de écran convencional. Sendo assim, o consumidor é quase obrigado a adquirir um aparelho LCD, já que os outros quase já não se encontram à venda!

Com isso tudo se levantam muitas questões. Para começar, um dono de casa que se preze, tem quase como obrigação apresentar aos seus visitantes uma pomposa TV de écran LCD, ou Plasma. É chique, está na moda! Agora, se ela é mais cara ou se a imagem é qualitativamente pior, não interessa. É que, um LCD só tem vantagens sobre o cinescópio se o utilizador observar uma imagem de alta definição, como acontece em muitos filmes de DVD, e mesmo assim, a diferença não é significativa e nunca justifica um maior preço. Na recepção de imagem por TV-Cabo, Cabovisão ou antena convencional, o cinescópio está claramente em vantagem.

Nisso tudo, quem sofre é a nossa mãe terra. Passo a explicar. Um dia vou colocar aqui uma foto com todos os DVD’s sem reparação que tenho acumulado aqui na minha oficina. É um desperdício de recursos naturais de todo o tamanho. Daqui a 500 ou mil anos, vamos ser conhecidos pelos nossos sucessores de geração gastadora, já que nessa altura certamente a terra já deu tudo o que tinha a dar! Hoje em dia, isso não interessa a ninguém! Os aparelhos estão baratos (quem fala em DVD’s, pode acrescentar secadores de cabelo, torradeiras etc. etc), viva o consumismo! Fruto da globalização, fruto de haver países em que a mão-de-obra é irrelevante no preço final do produto.

Mas como contrariar a “coisa”? Nós como individualidades pouco podemos fazer nesse mundo global, no entanto, podemos poupar em muitas áreas do nosso quotidiano. Não vou aqui especificar as várias maneiras de poupar, a net, ou vários programas da TV estão cheios disso, ou pelo menos deviam estar. Agora, e puxando o peixe à minha sardinheira, sei que há muitos aparelhos de TV avariados e cujos donos pensam em o mandar para o lixo! Puro engano. Muitos TV’s de 8 ou 10 anos de idade, bem reparados, duram mais tempo do que um aparelho comprado hoje em dia. E porquê? Porque há 8 ou 10 anos o que se produziu nas fábricas ainda era de qualidade, ainda custava algum dinheiro! Hoje em dia, o quê é que se pode esperar de um aparelho que custa apenas (em caso de TV com cinescópio) 150€? Muito pouco, para além da imagem ser de pior qualidade, logicamente! Claro, se uma pessoa não tiver problemas monetários, compra um aparelho de qualidade que é bastante mais caro e também durará mais tempo. Agora, os TV’s baratos, mesmo os LCD, não são de muita confiança! Mas, para isso, os espertos vendedores oferecem todas e mais algumas facilidades de pagamento ao interessado para ele comprar uma marca “boa”. Logo, o TV “velho” (que muitas vezes tem uma avaria mínima) vai para o lixo (reciclagem...) e vá de comprar uma nova! Não que eu tenha falta de trabalho, mas não custava nada se uma TV dessas idades viesse à minha, ou à oficina de um qualquer colega, para “ver se tem arranjo” (expressão muito usada)! A mãe terra agradece!