Greve (geral?)

Como os habituais leitores deste blog sabem, não tenho nada contra as greves porque são uma prova que a sociedade civil não acata com todas as decisões deste governo, além disso, é algo que mostra que Portugal é uma democracia. Mas, permitem-me deixar aqui alguns pensamentos sobre essa greve, e sobre quem a convocou.

O sindicato que convocou a greve geral na próxima quarta-feira é a CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores). O segundo maior sindicato, a UGT (União Geral de Trabalhadores), não vai aderir a essa greve geral, logo, a palavra geral não tem razões de existir. A palavra trabalhadores está nas duas siglas, mas parece que em primeiro lugar estão questões políticas. É que, a CGTP está ligada ao PC (Partido Comunista), Carvalho da Silva até já foi apontado como possível secretário geral desse partido político, e a UGT é considerada próxima do PS, por isso será mais do que natural que não se juntem à essa greve!

Tenho algumas reservas a esse tipo de sindicatos, embora sejam, para além do tribunal de trabalho, um dos poucos sítios onde um trabalhador, que se sente injustiçado, se possa dirigir. Tenho ainda em mente um episódio que se passou durante a minha estadia na BA11. Acho que já contei essa história aqui, mas nunca é demais repeti-la. A administração alemã queria aumentar os salários dos trabalhadores portugueses a seu cargo acima na tabela estabelecida porque acharam, e com razão, que os portugueses ganhavam muito pouco. Mas quem se opôs foram os sindicatos porque assim os “restantes” trabalhadores em todo o país podiam-se sentir injustiçados....

Bem, há pouco vi na Praça da República um outdoor dessa greve que incentivava os comerciantes a aderir também! Será que os sindicalistas não sabem, ou não entendem que há crise em quase todos os sectores, e ainda querem que os comerciantes fechem as suas lojas, mesmo se for só para um dia? Principalmente as lojas no centro histórico sentem essa crise, e a mais recente campanha do “obrigado” do governo também não ajuda! Deve ter sido um obrigado por permitirem a compra do V12 para o nosso PM....

Mas, por outro lado, entendo essa greve. O PM diz que o país está bem, sem o estar! Vemos os nossos vizinhos espanhóis a afastarem-se cada vez mais, economicamente falando, com preços para combustíveis e IVA mais baixos. Mesmo assim, julgo que a greve não terá a adesão desejada, além de mais, já estou à espera da habitual guerra dos números, com a CGTP a dizer que a greve teve 90% de participação e o governo a dizer que foram apenas 20....