Dissolver
Dissolvi tudo, calmamente, em nada
E fiz do meu caminho um paradoxo.
Sinto-me ferido na errância grata
À lúcida faca, ao preciso corte.
Vou atrás dos olhos e sempre dos lógicos
Pensamentos, volto à poeira dos dedos
E recebo o tóxico da palavra inútil
Pra falar de mortos, do amor e Deus
Ouve-me em silêncio e cala-me os medos.
Sou uma palavra redita em surdina,
Uma pedra errante sobre o mar indúctil;
Com o descruzar dos dias antigos
Descasco a palavra, abro-lhe o caroço,
Encontro a semente e calo o que digo.
(Francisco Soares)
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home