Evangelho segundo Judas
Como habitual aos Sábados, ponho um texto em simultâneo no meu blog e em http://tabernainconformados.blogspot.com
Vi com muito interesse um documentário transmitido Sexta-feira na 2 depois das notícias. Feito pela Nacional Geographic Society e apresentado propositadamente antes da Páscoa, contou a história do achado do Evangelho de Judas. Em estilo americanizado com música de fundo e algo dramatizado, este documentário vai mexer certamente com a tradição cristã.
Dezasseis páginas feitas de papiro foram encontrados por um agricultor no Egipto no ano de 1978. Tanto lá como cá, esse não quis saber das autoridades, vendeu estes manuscritos a um negociador de antiguidades. Esse por sua vez teve a pouca sorte de lhe terem sido roubados estes papeis, mas conseguiu recuperá-los. Novamente vendidos, este achado apodreceu durante 16 anos num cofre, ignorando o real valor dele, até chegar às mãos de um grupo de cientistas que provaram a autenticidade do evangelho através de um teste de carbono. Verificou-se após tradução que era o Evangelho de Judas.
Ora, nesses tempos, no século um e dois d.C. não havia logicamente os meios de hoje, não havia jornais, pouca gente sabia ler, então havia gente contadores de histórias e os chamados gnósticos, os sábios da altura, que escreviam e contaram textos, também sobre o cristianismo. Pegaram nestes evangelhos existentes e espalharam estas notícias pelo mundo. Evangelho quer dizer boas notícias, e como Judas era mau, foi retirado. Passo a explicar. Nesses tempos havia cerca de 30 evangelhos sobre o cristianismo, mas só quatro serviram de base para o Novo Testamento. Foram escolhidos, segundo reza a história, pelo Bispo de Lugdunum na Gália, hoje conhecido como Lyon na França. Viveu entre o ano 130 e 202 d.C. Escolheu estes quatro por serem os mais populares entre os contadores de histórias. Só que esses condenaram Judas por ser o traidor de Jesus.
Mas no agora revelado Evangelho de Judas Iscariote a história é outra. Judas era o único que realmente entendia Jesus, que lhe pediu para ser traído. Esse não quis ser um traidor mas Jesus insistiu. O resto é conhecido, Jesus foi crucificado pelos romanos e ressuscitou. Com essa ressurreição Jesus queria provar que era realmente filho de Deus.
E pronto, pessoalmente nunca acreditei nesta história de Judas, talvez porque tenho a mania de defender o acusado ou então é a minha intuição, normalmente muito apurado num nativo de Gémeos. Esta história é muito mais difícil de aceitar para um teólogo que estudou toda a vida o novo testamento e a doutrina cristã. Mas é muito plausível que seja verdade, que Judas não é um traidor, mas sim “apenas” um bom ajudante de Jesus e do cristianismo.
Fiquem bem!
12 Comments:
Boa Páscoa.
desambientado:
Obrigado, igualmente
olá já cá estou de novo!
Por acaso também vi esse documentário... achei que era extraordinária a descoberta desse Evangelho!
De qualquer forma quando se trata da igreja católica eu continuo a pensar que só nos deixam tomar conhecimento daquilo que querem, se nos dão uma informação que vale 5 é porque há informações que desconhecemos e que valem 5000...
Bjokitas e Boa Páscoa
trequita:
Olá e bemvinda de volta. Conseguiste "matar" as saudades todas? Espero bem que sim!
Por vezes comparo o incomparável: A igreja com o PCP. Ambas instituições muito enraizadas em contos antigos e muito pouco flexível. Mas com o tempo são obrigados a adaptarem-se.
Boa semana!
comparaste mesmo o incomparável :)
mas tens razão, tudo o que é inflexível ou verga ou parte... por isso é mais cómodo adaptar-se um pouco do que quebrar por completo.
trequita:
Pois, com a igreja é possível, adaptam-se pouco a pouco, mas o PCP, esses estão flexíveis como uma viga duplo T. Qualquer dia parte ao meio!
também vi esse documentário e achei-o muito interessante. pena ter tanta publicidade pelo meio...ao próprio programa. e se, como foi dito o documento é mesmo da época, então a figura de Judas está reabilitada...
beijos (tudo melhor? não tenho seguido o teu blog, ultimamente)
musalia:
Benvinda de volta aqui no meu espaço. Gosto sempre de receber a tua visita. Também não tenho lido muito o teu blog, é a falta de tempo, deve ser a tua razão também.
Aqui está tudo na mesma, altos e baixos que a vida me traz.
Volta sempre que quiseres!
Esse achado para mim é somente uma nova artimanha de satanas para confundir aqueles que têm se mostrado alheios ao Sacrificio de Cristo por todos nós, e os que aceitam essa ilusória satanica, são aqueles de fato nunca conheceram a Cristo e muito menos a DEUS.
anónimo:
Não posso estar mais em desacordo consigo.
Santanas não existe. É uma invenção da idade média, para meter medo aos cristãos. Os padres de então não tinham sustento, logo, ao obrigarem os cristãos a acreditar em Deus, eles tinham o sustento garantido.
Deus está em todos nós. Uns acreditam, outros não. São livres de escolher. É uma das grandes diferenças do cristianismo moderno para o islamismo, por exemplo.
Ninguém conhece Deus, porque somos todos nós. Ninguém conhece toda a gente, por isso, nunca ninguém conheceu Deus.
Os seus feitos vejo eu diariamente, de hora em hora, de minuto em minuto. Não faz falta procurar.
Agora, os evangelhos ´s outra história. Foram escritos por pessoas. E esses podem escrever o que muito bem entendem. Pode se acreditar, ou não. Pode ser verdade, ou não. Não há provas concretas. Resta a crença!
Olá!
Entrei neste site por acaso, mas gostei da matéria que li.
Eu nunca acreditei nesta história de Judas traidor.
Sempre imaginei a História de Cristo, como um cenário.
Há na bíblia este trecho: Para que se cumprisse as escrituras"...
Ora, vejamos, se as escrituras diziam que tudo aquilo ia acontecer, era certo que alguém iria fazer o "serviço feio", não era?
Então imagino que Jesus já teria combinado com esta pessoa. Penso também, que muitas religiões não querem aceitar esta realidade.
questionador:
Obrigado pelo comentário!
Ninguém tem a certeza de nada, por isso essa especulação toda. Cada um faz o seu juízo.
claudia:
Obrigado pelo comentário!
Muito bem visto este facto, ainda não tinha pensado nisso. O problema é que não se pode rescrever os livros dos teólogos. Costumo dizer, tronco velho não se remove!
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