sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Cimeira de Copenhaga

Estando a Cimeira do Clima de Copenhaga quase no fim (espero que se consiga ainda chegar a um acordo), quero aqui realçar alguns aspectos. Não vou falar sobre a questão climática em si porque os entendidos sabem falar disso muito melhor do que eu!

Primeiro, a língua portuguesa está cada vez mais presente em ocasiões dessas. Graças à voz do Presidente do Brasil Lula da Silva, a língua de Camões até teve um grande destaque no auditório da Cimeira! Falando o que todos pensam, é certo, mas que teve a coragem em dizê-lo obtendo mesmo um grande aplauso por isso. Falou do facto de se ter perdido muito tempo nessa cimeira em reuniões e encontros sem ter chegado a lado nenhum. Disse que países que não têm a sua casa ainda “arrumada” em termos de desenvolvimento económico ou social não deveriam de sustentar essa planeada redução da poluição mundial.
Certo e correcto, gostei muito desse discurso, fez até subir a minha consideração por ele, porém, Lula da Silva deveria ter chegado um pouco mais longe, deveria ter dito que todos têm que fazer parte da solução já que todos fazem parte do problema. Porque, se países como o Brasil, ou seja, economias emergentes, estão a subir nessa economia deveriam de planear essa mesma subida já pensando no aspecto ambiental e não apenas pensando no factor económico.

Segundo, as notícias sobre a Cimeira. Desde dos primeiros dias as primeiras notícias vindas de Copenhaga não falavam do clima, não falavam das conversas e encontros sobre esse tema, mas sim, das prostitutas nessa capital dinamarquesa e mais tarde, das cargas policiais sobre manifestantes supostamente ambientalistas. Este facto, em meu ver, condicionou bastante o desenrolar da Cimeira, já que, todos os delegados ali presentes também vêm televisão ou lêem noticiários da net. Penso que desta forma até estavam com medo em chegar a um acordo prematuro, deixando tudo para os últimos dias, para os líderes mundiais mais importantes. Assim não, meus senhores!

Em terceiro (e certamente mais importante) lugar, a política e a economia, ou melhor, os políticos e as grandes empresas mundiais. Desde que estamos na EU aprendi que cada estado já pouco pode fazer, já pouco decide sobre a sua economia porque quase tudo já vem “pré-fabricado” de Bruxelas. Na economia mundial se passa quase o mesmo, mas com diferentes protagonistas. O quê é que interessa se um Obama, um Hu Jintao, uma Angela Merkel , um Dmitry Medvedev ou até um Ban Ki-Moon promete, discursa ou quer mandar se o verdadeiro poder está nas grandes empresas mundiais? Essas mesmas empresas se estão nas tintas sobre o que os chefes de estado dizem ou fazem, os lucros nessas empresas é que estão em primeiro lugar, e muito depois vem a questão ambiental. Isso quase parece um discurso de extrema-esquerda, mas é a verdade! Um patrão de uma grande empresa pouco se interessa como vive o povo já que ele, com o dinheiro que tem, poderá sempre “safar-se” numa hecatombe climática, o simples povo é que não. Ou será por isso que essa Cimeira está quase a ser considerada um fracasso? Será que esse mais do que certo fracasso se deve à já pouca “força” política mundial?

Nota:
O discurso do presidente brasileiro já está no YouTube, mas infelizmente apenas numa (má) versão traduzida em inglês...
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