terça-feira, 2 de junho de 2009

Se o meu amor me pedisse, ou - auf der Suche nach dem Absoluten




Se o meu amor me pedisse
Que eu fosse à Serra de Estrela
Para passar a velhice
Com o desejo de vê-la

Eu seguia atrás dela
Mesmo sabendo que algum dia
Sem a cingir eu morreria

Suportaria o inverno
Com a promessa de um beijo
Porque tudo o que é eterno
É muito mais que um desejo
Que eu sinto mas não consinto

Se o meu amor me chamasse
Do outro lado do mar
Eu talvez não evitasse
A sorte de me afogar

Nas lágrimas de um olhar
Mesmo sabendo que algum dia
Sem me ver ela morreria

Iria ao monte mais alto
Ao abismo mais profundo
Porque o amor de que falo
É um amor de outro mundo
Que eu sinto porque não minto

Mas se um dia eu conhecesse
Esse amor que eu adivinho
Talvez então percebesse
Que eu sempre estive sozinho
Mas sem saber o caminho

Saberia que o penhor
Que a gente tem de pagar
É sabermos que o amor
Não tem nada a ver com o mar
E o vento não é lamento

Talvez não tenha ouvido
Os gritos da tua voz
Ou talvez Deus distraído
Não queira saber de nós

Mas todo o rio chega à foz
Mesmo que Deus não o queira
Todo o fadista tem voz

Todo o fadista tem medo
De por muito ter cantado
Que a morte lhe aponte o dedo
Antes dele achar o fado
Que eu sinto só por instinto


(Tiago Torres da Silva)

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