quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Clássico



Senhora, por quem sois, não sejais minha
que o bem que aspiro, é um mal para nós dois.
Sede insensível, como terna sois,
à paixão que vos tenta e me espezinha.

Não cedais. Resisti. Morra sozinha
esta chama. Soframos hoje, pois,
mais vale ora penar que ver, depois,
que o bem que se sonhou só mal continha.

A ansiedade de agora é vã tristura
comparada a essa angústia que não cansa
do amor que se encaminha para o tédio...

Antes este amargor sem amargura,
este doido esperar sem esperança,
que arrepender-se sem ter mais remédio.

(Menotti del Picchia)