quarta-feira, 18 de julho de 2007

No teu Poema

No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida

No teu poema
Existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
E, aberta, uma varanda para o mundo.

Existe a noite
O riso e a voz refeita à luz do dia
A festa da senhora da agonia
E o cansaço do corpo que adormece em cama fria.

Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai
Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.

No teu poema
Existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não recito
E os sonhos inquietos de quem falha.

No teu poema
Existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano

Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai
Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.

No teu poema
Existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo o mais que ainda escapa
E um verso em branco à espera de futuro.

(José Luís Tinoco)

No teu poema....ou será no meu?

2 Comments:

At 19 julho, 2007 00:17, Blogger RCataluna said...

Belo poema!

Abraço!

 
At 19 julho, 2007 11:00, Blogger Zig said...

Belo poema, feito canção de Carlos do Carmo.

 

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