terça-feira, 24 de abril de 2007

Ressaca

Venham todas as vozes, todos os ruídos e todos os gritos
venham os silêncios compadecidos e também os silêncios satisfeitos
venham todas as coisas que não consigo ver na superfície da sociedade dos homens
venham todas as areias, lodos, fragmentos de rocha que a sonda recolhe nos oceanos navegáveis

Venham os sermões daqueles que não têm medo do destino das suas palavras
venha a resposta captada por aqueles que dispõem de aparelhos detectores apropriados
volte tudo ao ponto de partida
e venham as odes dos poetas

Casem-se os poetas com a respiração do mundo
venham todos de braço dado na ronda dos pecadores
que as criaturas se façam criadores
venha tudo o que sinto que é verdade além do círculo embaciado da vidraça...

Eu estarei de mãos postas
à espera do tesouro que me vem na onda do mar...

A minha principal certeza é o chão em que se amachucam os meus joelhos doloridos
mas todos os que vierem me encontrarão agitando
a minha lanterna de todas as cores na linha de todas as batalhas.

(Baltazar Lopes)

2 Comments:

At 25 abril, 2007 00:12, Blogger RCataluna said...

"Eu estarei de mãos postas
à espera do tesouro que me vem na onda do mar..." - Bonito!!

Abraço!

 
At 25 abril, 2007 01:11, Blogger Zig said...

rcataluna:
O que é preciso é não desistir!

 

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