domingo, 31 de agosto de 2008

A Voz da Saudade

Vi, há pouco, com muito interesse um documentário (já fora transmitido no mês de Abril deste ano) na RTP1 sobre uma senhora que no fim da década de 60 levou mensagens de áudio aos soldados portugueses na frente da guerra em Angola. Uma senhora que dedicou quase toda a sua vida a ajudas humanitárias, uma senhora com S grande...

Nada melhor do que ler a descrição do documentário do site da RTP, lugar onde também se pode rever toda a peça:
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Há mais de 40 anos, em plena guerra colonial, uma mulher de Santarém percorreu durante sete meses quase 20 mil quilómetros pelo mato e a floresta de Angola. Foi dar a ouvir, a mais de mil soldados do seu distrito, mensagens gravadas pelos familiares. O seu nome era Maria Estefânia Anacoreta. Esta é a sua história.
Tinha então 47 anos. Com um gravador de som, percorreu o distrito a pedir aos familiares de soldados a combater em Angola (mães, esposas, filhos, namoradas e até madrinhas de guerra) que gravassem mensagens para ela própria reproduzir à frente dos militares. Assim fez, numa épica viagem pelo interior de Angola que durou seis meses, por avionete e por estradas e picadas. O documentário evoca as emoções que este anjo da guarda despertou junto desses soldados, ao aparecer-lhes de surpresa nos aquartelamentos, matando-lhes as saudades e transmitindo-lhes um sentimento de ânimo e de esperança.
Regressada a Portugal, tentou fazer o mesmo para quem combatia na Guiné, voltando a calcorrear o seu distrito a recolher novas mensagens, mas o estado da guerra naquela colónia impediu-a de partir, e os homens de Santarém aí estacionados nunca ouviram as gravações dos seus familiares.
A protagonista desta história, que conservava consigo o mesmo gravador portátil utilizado na época, assim como as mensagens que recolheu para os soldados na Guiné, participou na produção do documentário, nomeadamente indo procurar, ao fim de quase quatro décadas, alguns desses antigos militares e pondo-os a ouvir pela primeira vez o som dos pais já falecidos ou dos filhos então acabados de nascer.
Maria Estefânia Anacoreta faleceu em 8 de Janeiro de 2008, aos 89 anos de idade, poucas semanas depois da finalização deste documentário.
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Vejam ainda mais um testemunho sobre esta pessoa feito por de alguém que conviveu com ela de perto.

2 Comments:

At 01 setembro, 2008 00:37, Blogger anademar said...

olá!
vi o documentário da primeira vez que passou e fiquei muito emocionada também.
é nestas coisas que me apercebo da minha tontice, do meu egoismo, da minha pequenez..

 
At 01 setembro, 2008 02:40, Blogger Zig said...

moi chéri:

Eram outros tempos, mas mesmo assim é um bom exemplo a seguir!

 

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