sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Soneto do único amor


Fios de ouro na voz e nos cabelos;
Andar, o andar do ar, se o ar andasse;
Olhos azuis horizontais e belos
Como se a luz do mar os inventasse:

Recordações sem conto se porfiam
Em desgastar no tempo o fio ardente
E inquebrantável, onde morriam
Desde o início, futuro e presente.

Fria talvez, de chama que morreu,
Muito anterior à Terra; o corpo de ave
Plácida e presa, deusa que desceu
E quebrou portas que não tinham chave:

Essa a medusa que eu fitei sem esperança,
Praia sem água, vida sem mudança.

(Alberto de Lacerda)

2 Comments:

At 23 agosto, 2008 02:24, Blogger Nuno Costa said...

lendo poesia...divulgo poesia... Miguel Torga musicado por Joaquim dos Santos...espero que gostem...

www.maestrojoaquimdossantos.blogspot.com

ou...

http://br.youtube.com/results?search_query=joaquim+dos+santos+miguel+torga&search_type=&aq=f

 
At 23 agosto, 2008 16:54, Blogger Zig said...

ndk:

Pelas suas palavras isto promete! Mais logo à noite irei visitar o seu blog.

 

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