terça-feira, 1 de julho de 2008

Lenda das Rosas



Na mesma campa nasceram
Duas roseiras a par
Conforme o vento as movia
Iam-se as rosas beijar

Deu uma, rosas vermelhas
Desse vermelho que os sábios
Dizem ser a cor dos lábios
Onde o amor põe centelhas
Da outra, gentis parelhas
De rosas brancas vieram
Só nisso diferentes eram
Nada mais as diferençou
A mesma seiva as criou
Na mesma campa nasceram

Dizem contos magoados
Que aquele triste coval
Fora leito nupcial
De dois jovens namorados
Que no amor contrariados
Ali se foram finar
E continuaram a amar
Lá no Além, todavia
E por isso ali havia
Duas roseiras a par.

A lenda, simples, singela,
Conta mais: que as rosas brancas
Eram as mãos puras, francas
Da desditosa donzela
E ao querer beijar as mãos dela
Como na vida o fazia
A boca dele se abria
Em rosas de rubra cor
E segredavam o amor
Conforme o vento as movia

Quando as crianças passavam
Junto à linda sepultura
Toda a gente afirma e jura
Que as rosas brancas coravam
E as vermelhas se fechavam
Para ninguém lhes tocar
Mas que, alta noite, ao luar
Entre um séquito de goivos
Tal qual os lábios dos noivos
Iam-se as rosas beijar

(João Linhares Barbosa)

3 Comments:

At 02 julho, 2008 02:46, Blogger noctivaga said...

Adoro ouvir cantar este poema, principalmente em fado e pelo ANTÓNIO ZAMBUJO.
É lindo.

 
At 02 julho, 2008 05:54, Anonymous Anónimo said...

Zig:
Ai vai outro que também fala de rosas e que, não sendo inédito...merece música :-))):

No alto daquele cume
Plantei uma roseira
O vento no cume bate
A rosa no cume cheira.

Quando vem a chuva fina
Salpicos no cume caem
Formigas no cume entram
Abelhas do cume saem.

Quanto cai a chuva grossa
A água do cume desce
O barro do cume escorre
O mato no cume cresce.

Então quando cessa a chuva
No cume volta a alegria
Pois torna a brilhar de novo
O sol que no cume ardia !!!

Abraço...e até logo à noite no ensaio do Coro.

Ressonador

 
At 02 julho, 2008 10:54, Blogger Zig said...

Noctivaga:

Não conheço a música, gostei "apenas" deste poema...

NG:

Até logo...:)

 

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