sábado, 10 de maio de 2008

Sem ela...


Que é o espelho sem Ela?

Apenas o olhar baço do lago que cegou sem a face da lua.

Seu vestido sem Ela?

O esvaziado espaço da nuvem quando a lua através não flutua.

Os caminhos, sem Ela?

O império passo a passo, do dia, pela noite usurpado.

E esta nua casa?

Lágrimas, ai! Em vós eu me desfaço para esquecer o amor, a graça que foi sua.

Que é do meu coração sem Ela?

Pobrezinho, que palavras dirás antes que a morte desça?

Peregrino de frio e infecundo caminho,

íngreme e árduo caminho,

és tu sem ela adiante,

onde uma nuvem densa,

irmã da selva espessa,

em dupla sombra envolve a colina ofegante.


(Dante Gabriel Rossetti; trad. Martins Napoleão)