Este piano viaja para dentro...
Este piano viaja para dentro,
viaja saltando alegremente.
Medita depois num repouso férreo,
cravado com dez horizontes.
Avança. Sob túneis, arrasta-se,
mais adiante, sob túneis de dor,
sob vértebras que naturalmente fogem.
Outras vezes as suas trompas movem-se,
lentas ânsia amarelas de viver,
movem-se em eclipse,
e catam em si pesadelos de insectos,
mortos já para o trovão, mensageiro dos génesis.
Piano escuro, a quem espias tu
com a tua surdez que me ouve,
com a tua mudez que me ensurdece?
Oh misteriosa pulsação.
(César Vallejo - traduz. José Bento)
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