sábado, 26 de janeiro de 2008

Riqueza

Por parques e praças,
ruas e travessas,
tu, meu olhar, caças
a vida. E tropeças.

Uma gargalhada
vem dum par contente.
Guarda-a bem guardada,
mas caminha em frente.

Surgem-te sorrisos
dum e de outro lado.
Não faças juízos
rápidos. Cuidado!

Uma face grave
nada te revela?
Talvez a dor cave,
só mais tarde, nela.

Num choro, num grito,
pressentes a dor?
E quedas, aflito.
Segue, por favor!

Segue, bem aberto
para cada canto!
Olha o desconcerto
que parece tanto!

Corre, olhar, em roda!
O que me intimida?
A vida? Só toda
pode amar-se, a vida.

( Alberto de Serpa)