sábado, 23 de junho de 2007

Apelo Paracleto

Deixa-te estar assim um instante mais pousada
no parapeito da janela,
antiquíssima profetisa dos bosques.

Não te vás,
pequeno deus do orvalho
(pelo menos enquanto escrevo este poema).

Deixa-te estar um instante mais
pousada
no parapeito da janela
que eu não sou caçador não ouso
armadilhas nem flechas
nem te levarei de oferta à minha amada,
noiva de Salomão,
ave sagrada de Afrodite,
símbolo talmúdico da castidade.

Fica,
alado peixe duplo,
breve mensageira da Grande Mãe Telúrica.

Deixa-te estar um instante mais pousada
no parapeito da janela,
portadora do ramo de oliveira.

Quero saber se o Dilúvio Universal
já acabou lá fora
e se o Espírito de Deus paira de novo sobre
as águas da substância primordial
indiferenciada

(Emanuel Félix)