O Laço e o Abraço
como é curioso um laço...
uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola,
Enrosca-se, mas não se embola,
vira, revira, circula e pronto:
está dado o laço.
É assim que é o abraço:
está dado o laço.
É assim que é o abraço:
coração com coração,
tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço:
tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço:
um abraço no presente,
no cabelo, no vestido,
no cabelo, no vestido,
em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta,
E quando puxo uma ponta,
o que é que acontece?
Vai escorregando... devagarzinho,
Vai escorregando... devagarzinho,
desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo,
Solta o presente, o cabelo,
fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso,
E, na fita, que curioso,
não faltou nem um pedaço.
Ah! Então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento.
Ah! Então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento.
Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho,
Enrosca, segura um pouquinho,
mas pode se desfazer a qualquer hora,
deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz:
laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz:
laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz:
romperam-se os laços.
E saem as duas partes,
E saem as duas partes,
igual meus pedaços de fita,
sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam,
sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam,
não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó,
Porque quando vira nó,
já deixou de ser um laço!
(Mário Quintana)
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Etiquetas: Intimidades
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