sábado, 20 de novembro de 2010

As minhas Asas




Eu tinha umas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Que, em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.

Veio a cobiça da terra,
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.

Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas...
Vi, entre a névoa da terra,
Outra luz maior do que elas.

E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Pena a pena me caíram.
Nunca mais voei ao céu.

Almeida Garrett (extracto)
.

Etiquetas: