Um Concerto para o Natal – Resumo
Deixei propositadamente passar algum tempo até escrever sobre o que aconteceu na noite do último sábado passado no nosso “Pax”, por várias razões. Primeiro, porque o que está escrito no fim deste texto nas “etiquetas” é para se cumprir, ou seja, é para escrever uma crítica e não um “louvor” do início até ao fim. Em segundo, porque só após algum tempo passado se tem alguma reacção daqueles que estavam sentados na assistência, ou seja, ouvir opiniões de pessoas não “suspeitas”, de espectadores não afectos ao nosso coro!
Certo, e para começar, foi um bom espectáculo. Todas as 55 pessoas no palco estiveram a bom nível, só não estiveram ao mais alto nível porque desses 55, 36 eram amadores nessa arte que é a música, amam o que fazem e por isso, nem sempre são perfeitos. Sendo assim, nessa crítica ao espectáculo começo desde logo com uma dessas críticas, e é logo uma a mim próprio. Sim, leram bem! Numa das peças da 2ª parte, no Blue Moon, entrámos mal, começámos no Fá e não no Mi bemol como era suposto, e, por minha culpa. Pensava que tinha o tom correcto na mente, não fiz sinal ao maestro para nos dar esse tom, e, desatei a cantar, e, os meus colegas foram atrás! Claro, com o desenrolar da peça encontrámos o tom certo, porém, o mal já estava feito! No público, poucos se aperceberam desta falha porque aplaudiram no fim da mesma maneira como em outras peças!
Pronto, chega de críticas. O que deve ser realçado é o facto de esse concerto ter sido o culminar de inúmeras horas de ensaios, iniciados logo em Setembro no recomeço da época. O nosso maestro Pedro Vasconcelos inicialmente estava com algum receio que a Gripe A pudesse fazer estragos no grupo o que felizmente não aconteceu! Mesmo assim, optámos por repetir algumas peças já apresentadas em edições anteriores, o que, em meu ver, foi uma decisão acertada, além disso, nem toda a gente que estava sentada na plateia sabia desse facto, e os que souberam até aprovaram essas repetições, já que eram peças bem conhecidas, como foi o caso de Brindisi e Halleluja.
O espectáculo em si começou com uma gracinha do maestro, fingindo que se esquecera de entrar! A orquestra começou sem ele, e claro, já estavam previamente avisados! Assim, nessa 1ª peça se quebrou logo o “gelo”, a Marcha Radetsky também para isso convidara.
Para mim, o que se seguiu foi o ponto mais alto da 1ª parte, o estrondoso Fortuna, Velut Luna que ia “rebentando” com o palco, foram utilizados instrumentos de grande potência sonora para sublinhar a não menos potente vertente desta peça muito conhecida.
De seguida, foram entrando os dois solistas, “espalhando” a sua classe no teatro bejense. Ainda não conhecíamos a Carla Caramujo, sabíamos que era uma soprano já bastante conceituada, facto que provou na íntegra. Com uma voz bem colocada e inicialmente apenas nos registos mais agudos algo tremida (nem sempre é fácil cantar frente a tanta gente), cantou e encantou os bejenses nessa noite de sábado. O Tenor Pedro Chaves já conhecíamos de “ginjeira”, é de uma classe ímpar. Uma voz potente e bonita, uma apresentação bem conseguida e muito segura. Acho que ele fora o melhor elemento da noite, peço desculpas se alguém discordar de mim, mas adorei ouvi-lo cantar!
Depois de duas peças em que esses solistas entraram a solo, um de cada vez, acontecera a segunda “surpresa” da noite. Luzes apagadas, e, de repente, o palco do Pax se transformara num mar com a peça Coro dos Marinheiros! Claro que a “mangueira” de luzes mal conseguia disfarçar que na realidade não era o mar que ali pairava, mas penso que se conseguiu um bonito efeito com esta peça. E, esta “peça” Made in China me fizera outra surpresa! Experimentei inúmeras vezes de que, quando se ligava essa coisa à corrente, se tinha que carregar num botão 6 vezes até todas as luzes ficavam acesas, e não a piscar! Claro, claríssimo como a água desse mar, em palco, na hora H, isso não funcionou, mas lá me consegui desenrascar!
Nessum Dorma fora a primeira em que cantávamos com um dos solistas, embora apenas tangencialmente, já o acima citado Brindisi fora de uma intervenção nossa mais prolongada e que correra muito bem, em meu ver, e só faltavam mesmo os copos!
A segunda parte foi a “menos clássica”, seriam peças mais contemporâneas. Moonlight Serenade, um arranjo de Pedro Vasconcelos, “fica” sempre bem, tal como o Somewhere over the Rainbow. No Puede Ser antecedeu à “minha” barraca, até parecia mesmo que não podia ser! Numa próxima cantaremos bem esse Blue Moon, está prometido!
I feel Pretty foi a canção que mais gostei da solista, esteve muito à vontade! O sorriso (Smile) de Charlie Chaplin fora bem conseguido também! O momento alto dessa segunda parte fora sem dúvida o All I ask of You, um dueto de “amor” entre os dois solistas; ali, encostei-me, fechei os olhos e fiquei apenas a ouvir – uma autêntica maravilha, muito bom!
O fim do “tempo regulamentar” fora preenchido com uma experiência! Saímos do palco, dois naipes de cada lado da plateia, e mesmo ali cantámos o Stand by Me! Claro, musicalmente falando ficou muito aquém de uma boa qualidade, mas o efeito fora bastante engraçado.
Um concerto assim não seria um concerto se não houvesse repetições. E, em vez de uma repetição do verdadeiro sentido da palavra, a 1ª “extra” fora outra repetição, mas uma já apresentada anteriormente, penso que na última vez em que cantámos na igreja da Sé! Gosto particularmente desse Halleluja de Händel, é uma peça muito potente e bonita!
De seguida, após insistência do numeroso público que enchera a plateia por completo, repetiu-se o All I ask of You, para naturalmente realçar novamente o excelente desempenho dos solistas. A noite já ia longa, e, como 3ª repetição (!), em vez de a por nós “proclamada” Fortuna se entendeu repetir a 1ª peça, a Marcha Radetzky, mas, tudo bem.
Uma palavra também para a Orquestra de Câmara Lusitânia. Já é nossa “conhecida” deste que este tipo de concerto tenha um acompanhamento musical deste estilo, esteve a bom nível, ajudou de que maneira à boa sonoridade do concerto! Uma colaboração que é certamente para continuar!
Em resumo, o público gostou bastante desse concerto, e nós também! O muito trabalho que a preparação desta noite nos deu fora inteiramente compensada por esta reacção do público, ao que eu gostava pessoalmente agradecer por ter aparecido em tão grande número (mais de 500!). Até – à próxima!
Agradecimentos especiais:
Ao Pax Julia – Teatro Municipal pela possibilidade contínua de podermos apresentar nessa grandiosa sala os nossos espectáculos
Ao pessoal desse teatro que está sempre disponível em nos ajudar e principalmente em aturar as minhas “exigências”
À Câmara Municipal, à Cooperativa Proletário Alentejano e à Associação de Criadores de Ovinos do Sul pelo valioso apoio financeiro prestado
Ao Zé António e sua esposa, proprietários da casa Santa Maria Velharias, pelo bonito cenário natalício do palco
Ao Conservatório Regional do Baixo Alentejo pelos empréstimos de vários instrumentos musicais de percussão
À comunicação social bejense, escrita e falada, pela divulgação deste nosso evento
E, à todos aqueles que activamente ou passivamente contribuíram pelo bom desenrolar deste concerto.
Um último, e muitas vezes pouco lembrado ou até esquecido agradecimento vai para o nosso maestro Pedro Vasconcelos. É a ele que “cabe” o aspecto mais importante, a parte musical do concerto, modificando muitas peças conhecidas para coro e orquestra, depois escrever dezenas de pautas para cada peça (para o coro, para a orquestra e para cada um dos solistas), aturar o coro em largas dezenas de horas de muitas vezes fatigantes ensaios, e, depois desse trabalhão todo, ainda ter forças e simpatias para dirigir esse concerto!
Em nome do coro e em nome pessoal, muito obrigado caro amigo Doutor Pedro Vasconcelos!
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Etiquetas: Coro, Crítica a Espectáculos
4 Comments:
- Como já é habitual, um concerto cheio de dignidade e que muito deve orgulhar a cidade de Beja.
Camolas:
Fazemos por isso :)
Adorei o concerto. As pequenas falhas são róprias do showbiz, até com profissionais acontecem. Agora a paixão, a sensibilidade e, no caso do "Fortuna"o poder quase violento da música estiveram lá. E eu dei-me ao luxo de fechar os olhos e emocionar-me com a música.
Muitos parabéns e obrigado.
Rui Teixeira:
Caro amigo Rui, muito obrigado pelas tuas palavras!
Certamente que vou sentir o mesmo no vosso concerto em Janeiro, até lá!
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