Confissões
Confessar? Confesso que não me confesso há anos, quer dizer, faço confissões de outro tipo, nem sempre bem atendidas, infelizmente, mas isso são outras histórias. Porém, confesso que certas confissões vão ter que parar, outras vão continuar, como aquelas Confissões que visitei esta noite!
Certo, já adivinharam. Desloquei-me à Casa Amarela, local onde em Beja a companhia de teatro Arte Pública costuma apresentar os seus espectáculos. E, tal como acontece muitas vezes, não lá fui com muita vontade, confesso! Mas estava redondamente enganado, mais uma vez. Durante cerca de uma hora os espectadores não deram o seu tempo como perdido! Quatro excelentes actores colocaram em palco algo que é digno de se ver e de ser elogiado! Desses quatro só conhecia o Paulo Duarte de outras encenações dessa companhia.
A peça propriamente dita “rezava” sobre essas mesmas confissões, mas confissões macabras, sobre como cada personagem “acabara” com a vida de um outro ser humano. E sempre, mas sempre quando a personagem mudara, a roupa de cada actor mudara também. Ora, podem imaginar o frenesim que não era, foi uma constante entrada e saída de actores, fazendo figuras bizarras, vozes diferentes e sempre com outra roupagem!
Como disse, o Paulo já era o meu conhecido. Não raramente se ouve que um actor deste calibre podia trabalhar em qualquer lugar, e hoje provou este facto mais uma vez. O João Vasco “encenou” logo à porta da Casa Amarela, fez de cego, a maior parte do público que aguardara a entrada na sala não “topou” a “falsidade” dele. Lá dentro fez maioritariamente personagens (homicidas) com alguma expressão corporal. O ar “intelectual” de Nuno Nogueira deu para isso mesmo, para os killers esquizofrénicos e malucos, enquanto, last but not least, Lúcia Lopes fez as womanmurders, e de jovens assassinos também.
Claro que todas essas personagens não podiam entrar em cena de uma forma séria e banal. Logo, foi uma “sorrizada” quase pegada do início ao fim, fim em que os actores foram largamente aplaudidos, merecidamente. Quem ainda não foi ver essas Confissões terá amanhã a última oportunidade em vê-los em acção!
A Arte Pública está mais uma vez de parabéns!
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Etiquetas: Crítica a Espectáculos
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