segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Vingativa



Minha alma propaga a dor pelo vento
repousa nas folhas secas seu lamento
mantém corações em suplícios
chora árida, sem gotas de artifícios

Perscruta no infinito, nos abismos
palavras que falem sem cor
é única, não usa analogismos
grita na cara do mundo o desamor

Minha alma é assim... implicante
é aquela alma de poeta:
a que não dói o bastante
até cravar a dor quando tudo se aquieta

É uma alma sádica... vingativa
rejeita poesias de felicidade
impõe que eu me coloque em carne viva
para, num último golpe, entrar com a saudade

(Marise Ribeiro)