Vingativa
Minha alma propaga a dor pelo vento
repousa nas folhas secas seu lamento
mantém corações em suplícios
chora árida, sem gotas de artifícios
Perscruta no infinito, nos abismos
palavras que falem sem cor
é única, não usa analogismos
grita na cara do mundo o desamor
Minha alma é assim... implicante
é aquela alma de poeta:
a que não dói o bastante
até cravar a dor quando tudo se aquieta
É uma alma sádica... vingativa
rejeita poesias de felicidade
impõe que eu me coloque em carne viva
para, num último golpe, entrar com a saudade
(Marise Ribeiro)
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