domingo, 9 de novembro de 2008

Vá-te!



Feche a porta,
e esqueça que um dia,
fostes tu a querer
por ela entrar.
Vá-te
já não importa
a companhia
que te deu prazer
conjugando o verbo amar.
Vá-te de uma vez,
és livre feito
gaivota sobre o mar.
Pegue a tua insensatez,
que é de todo teu direito
e não ouse mais voltar.
Vá-te em definitivo,
leva contigo os meus restos...
Já de mim não és cativo;
como nunca fostes honesto.
Vá-te daqui, desapareça!
Carregue todas as lembranças;
vá-te, antes que escureça,
deixa-me a solidão como herança.
Leva contigo os rios,
aqueles em que me banhaste;
esqueça-me no profundo vazio
junto ás mentiras que regastes.
Vá-te enfim, para qualquer lugar!
Leve também os restos do meu amor.
Já não os quero comigo carregar,
são teus, estão ao teu dispor.
Vá-te!
Vá-te!
Vá-te!
Apague as luzes,
tranque a porta,
leve dos meus olhos todas matizes;
apagaram, já não importa.
Nem há-de ouvir a minha voz,
calou-se nesta madrugada fria.
As lágrimas em foz,
misturam-se no leito, a sangria.
Vá-te, deixa-me desfalecer!
O cansaço se fez manta aquecida;
enquanto murmuro a despedida
e adormeço tentando te esquecer.
Vá-te! Adeus!
.
(Anna Müller)