quinta-feira, 13 de março de 2008

Comunhão

A vida e a morte,
Sempre em Comunhão:
Vivo uma hora,
Morro sem demora,
É esta a minha inquietação.
Inquieto e perturbudo,
Digo no poema
Todo o sofrimento
Que me domina o coração.

Não paro, nem sossego.
Nasci assim, aflito.
Morro e ressuscito
Em cada hora.
A paz não mora
No meu coração.
Quando vem,
Traz também
Não sei que disfarçada inquietação.

E os versos dizem.
Cada poema é sempre um desespero
Impaciente
Que de repente
Quebra o cadeado.
Um desespero tão desesperado
Que já nada limita.
Um grito de alma, que necessita
De ser ouvido e ser compartilhado.

(Miguel Torga)