sábado, 16 de fevereiro de 2008

Minuete Invisível

Elas são vaporosas,
Pálidas sombras, as rosas
Nadas da hora lunar...

Vêm, aéreas, dançar
Com perfumes soltos
Entre os canteiros e os buxos.
Chora no som dos repuxos
O ritmo que há nos seus vultos...

Passam e agitam a brisa...
Pálida, a pompa indecisa
Da sua flébil demora
Paira em auréola à hora...

Passam nos ritmos da sombra...
Ora é uma folha que tomba,
Ora uma brisa que treme
Sua leveza solene...

E assim vão indo, delindo
Seu perfil único e lindo,
Seu vulto feito de todas,
Nas alamedas, em rodas,
No jardim lívido e frio...

Passam sozinhas, a fio,
Como um fumo indo, a rarear,
Pelo ar longínquo e vazio,
Sob o, disperso pelo ar,
Pálido pálio lunar...

(Fernando Pessoa)

3 Comments:

At 16 fevereiro, 2008 18:47, Blogger H said...

É impressão minha, ou há uma letra a mais no título?

 
At 16 fevereiro, 2008 22:51, Blogger gisela cañamero said...

deixei um desafio para este blog na cigarra...

 
At 17 fevereiro, 2008 01:37, Blogger Zig said...

h:

Hehehe, lá estás tu! Por acaso, quando escrevi o título deste poema pensei que alguém pense nisso, alguém como tu...

gisela cañamero:

É já a seguir, cara amiga!

 

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