sábado, 1 de dezembro de 2007

Canção da Voz florescida

Eu semearei minha voz na carne do vento
para que nasça uma árvore de canções;
ir-me-ei depois, sonhando músicas inaudíveis pelos olhos sem pálpebras do pranto.

Debruçada sobre o céu dolente da tarde
haverá uma pena branca, que não será a lua.

Será uma fruta alta, recém amanhecida,
uma fruta redonda de palavras
sonoras, como um canto:

maravilha sonâmbula de uma árvore
crescida de canções, semente estremecida na carne florescida do vento:
-- minha voz.

(Tradução de um poema de Franklin Mieses Burgos)