Adorável Criatura
Finalmente! Como autoproclamado “homem da cultura” que sou, já não era sem tempo de visitar a mais recente casa de espectáculos de Beja. Falo, claro, da Casa Amarela, casa das artes da companhia bejense Arte Pública. Tem em cartaz a sua 2ª criação deste ano, a “Adorável Criatura”.
Como os mais fiéis leitores deste blog sabem, não sou muito “Teatro”, sou mais “Música”. Mas, sendo eu amante de praticamente todas as formas de arte, por vezes visito uma peça de teatro também. Quem me conhece sabe que não consigo ficar sentado e quieto por mais de um minuto, por isso, estava com algum receio. Claro que não fiquei aborrecido, muito pelo contrário!
A “verdadeira” artista Gisela Cañamero presenteou ao infelizmente pouco público uma performance digna de se ver. Fazendo o papel de uma mulher quase louca que recordava o seu passado, recuando por vezes anos e voltando ao presente na mesma frase, “prendeu” a atenção dos espectadores de uma forma impar. Ora cantando, ora quase chorando, contou a sua história de convivência com o seu marido que matara com veneno, gozando e ironizando sobre o “papel” que esse homem tivera na sua vida.
Valorizo bastante o facto de um actor (neste caso uma actriz) conseguir decorar um texto de quase uma hora! Claro que não é só o texto, são os gestos, as pausas, o próprio olhar do artista, etc. É complicado alguém conseguir desligar-se do mundo que o rodeia e transformar-se autenticamente na personagem a representar em palco. Os meus parabéns.
Por outro lado, e sempre que se fala dessa companhia de teatro, fala-se do “divórcio” entre a Arte Pública e a Câmara de Beja, no que toca a cooperação institucional. Sobre as razões não me quero debruçar aqui, tenho a minha opinião própria sobre isso, como devem imaginar, e que não é a mesma que todos têm, disso também podem ter a certeza. Só que, tal como já tinha dito aqui e em outros blogues por várias vezes, tendo eu amigos em ambos os lados da “barricada”, custa-me bastante ver uma situação dessas. A culpa não é de nenhum dos dois exclusivamente, em minha opinião. Por isso, alguma moderação de uma das partes e alguma abertura da outra parte penso que não lhes ficaria mal. Mas, terá que existir alguma vontade das duas partes em alterar essa situação. E – fico-me por aqui!
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